EM 2007 O EMBAIXADOR DE CUBA ESTEVE AQUIM, NA BAHIA.
NÃO RESISTI A VONTADE DE RETIFICAR CERTAS AFIRMAÇÕES DESTE DIPLOMATA...
Quanto jogo de cintura, ou
inverdades – precioso eufemismo – o embaixador cubano revelou em recente
entrevista ao jornal A Tarde...
Não é por ter passado duas
semanas na Havana que vou fazer pose de doutor es cubanologia, mesmo supondo
que a primeira impressão é a que conta. Mas falo espanhol fluente e, hospedado
em família cubana, andei por morros e orlas, nas brisas da bicicleta
emprestada, no confessional dos táxis clandestinos, ou simplesmente batendo
perna à toa. Posso assim expressar várias primeiras e segundas impressões,
impressões que diplomata nenhum poderá contestar.
Se, por um lado, Don Pedro Nunes exagera
apenas ao afirmar que os arrogantes E$tados Unido$, apoiados por I$rael, fiel
vassalo, e as importantíssimas (?) ilhas Palau e Marshall, praticam forma de
genocídio ao condenar Cuba a lamentável bloqueio econômico, não tenham dúvida:
se esta chantagem odiosa não tivesse acontecido, há muitos anos a Ilha teria
abandonado o socialismo barbudo pela única pressão de seu próprio povo.
Me explique como o “eleitor”
opinaria livremente se não lhe é permitido ser informado de outras ideologias,
outros regimes e comentá-los? Pode existir democracia num país onde não há uma
só banca de jornais e revistas? Imprensa lá é inimigo público.
Alguém viu por aquelas bandas uma
livraria que não seja controlada, censurada?
Graciosamente distribuído pelo
governo, o jornal “Granma” é a visão monolítica que o estado impõe a seus,
conformados ou não, súditos.
Reveladora é a simples leitura da dita folha.
Naquele ano de 1999, o jornal,
acompanhado dos costumeiros discursos anti-imperialistas, quase meio século da
mesma lengalenga, anunciava homenagem aos mais destacados funcionários públicos
por seu Trabajo Incansable a Favor de la Revolución. Todos ,
além de condecorados pela mão do próprio Comandante e condenados a ouvir mais
um interminável discurso, tiveram a honra de ter sua foto 3 X 4 no Granma.
Não será preciso muito tempo para
constatar que dos 150 fotografados, a esmagadora maioria é branca! Sim,
companheiros e companheiros: na alta cúpula deste regime que já foi até
estalinista, quase todos são branquinhos da silva. E a nível de ministros, mais
ainda. Lavados a Omo. Bem, é verdade que alguns funcionários de destaque ostentam
aquela cor indefinida tão comum nas ruas da Bahia, mas são poucos. Tem também
dois ou três negros em posição de destaque para mostrar que lá não é Alabama, e
pronto. Aos incrédulos, posso mostrar o exemplar da publicação.
E no desemprego, prostituição,
droga e marginalidade, qual é a cor que lidera? ... Pois é!
Assim vai a democracia
sócio-racial cubana.
Mais de uma vez tive outras
provas do inconfessável preconceito racial. Aliás, já escrevi sobre este tema
na Gazeta Mercantil dos bons tempos e não pretendo colocar mais água no feijão.
E quando a excelência afirma “Se
eu acessar o Google, aparece um cartaz dizendo: esse produto não é permitido em
seu país” no mínimo a leitura é dupla. Os EU não permitem aos cubanitos o uso
desta ferramenta? Ou o regime cubano veda esta possibilidade de informações
(vide mais encima o capítulo “Imprensa”)? Minha interpretação é que difí-cilmente
os imperialistas ianques iriam perder tão belo canal de propaganda.
Simples questão de lógica. Portanto...
(Outro dia tem mais sobre a ilha
da salsa)
Dimitri Ganzelevitch
Salvador, 25 de novembro de 2007.
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