Crise Geddel: Calero gravou conversas com Temer e caso pode causar impeachment
Ex-ministro da Cultura diz que foi pressionado para liberar empreendimento em Salvador; oposição indica crime de responsabilidade do presidente
O ex-ministro da Cultura Marcelo Calero – que em depoimento à Polícia Federal afirmou ter sido pressionado pelo presidente Michel Temer para liberar um empreendimento imobiliário em Salvador – disse que possui gravações de conversas sobre o assunto.
Ainda de acordo com o jornal, para que tais gravações sejam analisadas pela Polícia Federal, é preciso que o Supremo Tribunal Federal autorize a abertura de investigação.
No depoimento à PF, Calero narrou ter recebido pressão de vários ministros para que convencesse o Instituto do Patrimônio Histório Nacional (Iphan) a voltar atrás na decisão de barrar o empreendimento La Vue, onde Geddel diz ter adquirido um apartamento, nos arredores de uma área tombada de Salvador.
O ex-ministro disse que, após receber pressão de Geddel, procurou Temer para tratar do caso, mas o presidente o “enquadrou” para tentar buscar uma saída para o impasse na liberação do empreendimento.
De acordo com o depoimento, a conversa com Temer ocorreu no Planalto no dia 17, um dia antes do pedido de demissão de Calero. Ainda segundo o ex-ministro, o presidente o “convocou” e lhe disse que a chefe da AGU, Grace Mendonça, teria uma “solução” para o caso da obra embargada pelo Iphan. No fim do diálogo, o presidente ainda teria tentado amenizar a situação, dizendo que a “política tinha dessas coisas, esse tipo de pressão”.
Crise Geddel pode levar a impeachment
Nesta quinta-feira (24), o depoimento do ex-ministro da Cultura caiu como uma "bomba" no Planalto. Ao jornal Folha de S. Paulo, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ) acusou o ex-ministro de ter "enlouquecido" e disse que Temer não "tem o perfil" de fazer pressão sobre aliados. "Esse Calero enlouqueceu. Michel não faz isso. Não acredito, não é o perfil do Michel", disse.
Calero pediu demissão do cargo de ministro na última sexta-feira (18), citando como principal motivo para a sua saída a pressão que sofreu do titular da Secretaria do Governo para liberar o empreendimento imobiliário de alto luxo La Vue Ladeira da Barra, em Salvador, que agora está no centro da recente crise envolvendo o Palácio do Planalto.
Ainda segundo o jornal, após a divulgação do depoimento, a oposição – não só das ruas, mas também os senadores e deputados – começam a defender um pedido de impeachment de Temer, indicando crime de responsabilidade.
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