sexta-feira, 23 de dezembro de 2016

A MÃE DE THOMAS MANN

A mãe brasileira 
de Heinrich e Thomas Mann
Moacir Armando Xavier


Natural de Parati, estado do Rio de Janeiro, Júlia da Silva Bruhns, foi a mãe brasileira dos escritores alemães Heinrich e Thomas Mann. Seu pai, Johann Ludwig Hermann Brunhs era o filho mais jovem de uma família de comerciantes que se estabelecera em Lübeck, e cuja descendência remontava a Rostock e aos marinheiros e mercadores do Báltico e da Escandinávia. 
A família acumulara fortuna no comércio de vinhos e possuía muitas propriedades em Lübeck. Mas então como os filhos mais velhos eram encaminhados à Igreja, os irmãos mais moços das famílias mercantis de Lübeck iam para o estrangeiro para buscar fortuna no outro lado dos mares. Por causa disso, Johann Ludwig emigrou para o Brasil. Tinha dezesseis anos. 
Não era muito mais velho quando fundou sua própria companhia de exportação em São Paulo, especializando-se em café e açúcar. Pouco depois comprara uma fazenda em Parati, no litoral, e se tornou proprietário de engenhos de açúcar. Não chegara ainda aos trinta anos quando o imperador Pedro II o nomeou Secretário do Reino para Assuntos de Estrangeiros. 
Graças a uma extraordinária semelhança física, Johann passou a ser confundido com o imperador. Este ficou impressionado com as idéias e a inteligência do rapaz. Johann transformou o rio Piracicaba em rio navegável e alcançou considerável renome como "o homem de poucas palavras . Por volta de 1840 casou-se com uma jovem de 15 anos, filha de um rico fazendeiro português consorciado com uma negra filha de uma escrava alforriada. A moça deu-lhe cinco filhos e acabou por morrer de parto. Viúvo, Johann levou os filhos sobreviventes para Lübeck para serem criados pelos familiares. 
Causaram tamanha impressão com suas roupas de seda nanquim e chapéus-panamá, que Brünhs teve de oferecer bolos e doces para que um bando de crianças que se juntou atrás deles não mais os seguissem aos berros. A família Brühns supunha que ele casara com uma nativa da América do Sul e uma de suas irmãs até perguntara com impaciência, antes que chegassem: "Quando afinal Ludwig vai aparecer com seus pretinhos?" É compreensível que a pequena Júlia nunca se acostumasse totalmente com os frios invernos do Báltico, a monótona fé luterana e as rígidas maneiras de Lübeck. 
Só com relutância ela afinal aceitou os valores daquela sociedade mercantil e protestante e pôs de lado suas lembranças dos animados carnavais, das máscaras e fantasias coloridas, e da música sul-americana - os bandolins, violões, sanfonas, trumpetes, tubas e tambores. Adquiriu extenso gosto pela música, e se dizia chamar Júlia da Silva Brünhs, e não Júlia Bruhns. Até que se transformou numa jovem atraente, muito requisitada em festas e bailes, com seus bonitos vestidos de brocado e faixas brancas, anáguas de seda e saias de tule. 
Foi numa dessas festas, uma festa de noivado, que viu seu futuro marido. Tinha dezesseis e meio anos de idade. Casou-se com o cônsul Thomas Johann Heinrich Mann em 4 de junho de 1869, que no mês seguinte, com 28 anos, foi eleito para representar o distrito de Marienkirche no Bürgerchaft. 







Moacir Armando Xavier
 é gaúcho, nascido em Lavras do Sul, quase na fronteira com o Uruguai. Atualmente, reside em Porto Alegre, capital do estado do Rio Grande do Sul. É Funcionário Público, aposentado.

.


>

Nenhum comentário:

Postar um comentário