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Sem previsão: Artistas ainda cobram pagamentos do Carnaval 2015
Márcia Short, Lui Muritiba, Laurinha, Ademar Furtacor e outros nomes consagrados da folia momesca já se desiludiram de receber este ano, após negativa da Bahiatursa
Muitos artistas sonham com um contrato para cantar no carnaval de Salvador. Outros, sonham receber o cachê do carnaval de 2015 antes do carnaval de 2017. Ou sonhavam. Este é o caso de alguns artistas consagrados da folia soteropolitana, como Márcia Short, Ademar Furtacor, Lui Muritiba e Laurinha – a primeira puxadora de trio elétrico – que acumulam dívidas do governo do Estado e, esperançosos de receber ainda este ano, tiveram que tirar o cavalinho da chuva nesta terça-feira (27).
É o que depõe Márcia Short, em conversa com o bahia.ba. “Finalmente, após muitas tentativas, consegui ser atendida na Bahiatursa, e lá me informaram que pagamento só no ano que vem… e não se sabe quando…”, relatou. No caso de Márcia, o governo do Estado deve cachês referentes não apenas ao carnaval de 2015, mas também ao de 2016 e ao Dia do Samba. “Sem contar pendências em outros órgãos, que tenho desde 2013 e luto silenciosa tentando receber meus vencimentos”, lamenta.
A artista acredita ainda que a situação não se estende a todos os contratados para animar a folia. “Com certeza a galera que tem dinheiro está paga”, diz, sem citar nomes. E completa: “Precisamos tornar pública essa perversidade conosco e dizer que as empresas estão regulares, em sua maioria, e que o governador precisa mostrar alguma sensibilidade, honrar a origem pobre que ele declara e nos pagar. Ele bem deve saber o que é dificuldade”. E, por falar em dificuldades, ela garante que o atraso nos pagamentos tem criado diversas: “Triste demais.. aluguel atrasado, meus filhos sem matricular, muita gente me cobrando, me dizendo coisas terríveis. Nunca devi a ninguém desse jeito!”.
Laurinha tem queixas semelhantes, com destaque para as cobranças que recebe de músicos, produtores e outros, já que os artistas contratam profissionais para realizar o trabalho, e, quando não recebem os cachês, são eles que devem a terceiros. No Facebook, a ex-cantora do Cheiro de Amor desabafa: “Não somos caloteiros, somos pessoas honestas, trabalhadoras. Sempre priorizamos e respeitamos a todos os que trabalham conosco, sempre cumprimos com a nossa obrigação, mas esse ano está impossível pra mim segurar esta situação por mais tempo. Ando calada, cabisbaixa! Esse ano chegamos ao limite do desrespeito”.
Por sua vez, o governador Rui Costa se manifestou na semana passada, com a alegação de que as dívidas devem-se a pendências contratuais. Mas Laurinha nega: “Nós não temos nenhuma pendência, governador. Isso é conversa. O senhor precisa saber disso, é conversa!”, diz, acreditando que o gestor não está a par de todos os trâmites e que os órgãos inventam desculpas para privilegiar “coligados”. “Pois agora chega! Queremos receber o que nos é devido pelo nosso trabalho, que é tão digno quanto o dos apadrinhados e amiguinhos deles”, brada.
Outros artistas, como Ademar Furtacor e Lui Muritiba, que dividiram um trio com a cantora, justamente para economizar recursos do Estado, estão na mesma situação. “Além de outros tantos que não se manifestam”, afirma. Ela encerra com um apelo para não ser jogada, junto com os companheiros, “na lista dos restos pra 2017”. Resta agora uma resposta do governo.
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