sexta-feira, 24 de março de 2017

CRIME CONTRA A VIDA


Editorial jornal A TARDE 
 19/03/2017

Quando se imagina que os brasileiros já presenciaram todo tipo de golpe e falcatrua, a sociedade assiste estarrecida ao desbaratamento, pela Polícia Federal, de um esquema inescrupuloso que mais uma vez envolve corrupção no setor público, mas cuja gravidade vai bem além dos desvios de conduta evidenciados até aqui nesse tipo de ação policial. Agora a fraude não se situa apenas entre políticos e outros figurões de Brasília: ela atinge o bem maior, a saúde e vida humanas.
A Operação Carne Fraca, deflagrada em seis estados e no Distrito Federal, revelou o uso de notas fiscais falsas para regularizar carnes que já tinham passado da data de validade e haviam sido ‘maquiadas’ para não parecerem estragadas. A Justiça determinou 27 prisões preventivas, além de 11 temporárias e mais 77 mandados de condução coercitiva.
Gravações telefônicas obtidas ao longo de dois anos mostram uma série de ilegalidades praticadas por grupos frigoríficos, que contavam com o apoio de  fiscais do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), cujo trabalho era justamente o de evitar esse tipo de irregularidade. Eles recebiam propinas em dinheiro e também em mercadorias das empresas, para promover o afrouxamento da fiscalização e liberar licenças de funcionamento de locais que deveriam estar interditados.
Além de levantar sérias dúvidas sobre a confiabilidade dos alimentos consumidos todos os dias e contribuir para o descrédito das instituições, incluindo o Serviço de Inspeção Federal, que atesta a qualidade de produtos de origem animal, o escândalo sanitário prejudica a imagem do país e cria o risco de perda de espaço no mercado externo de carnes, conquistado a duras penas.
É preciso adotar medidas rigorosas e exemplares não só para afastar e punir os envolvidos no crime, mas também no sentido de reduzir os danos sobre a imagem do Brasil, evitando a imposição de barreiras fitossanitárias e garantindo a presença destacada do país no cenário internacional.
E, por fim, empreender ações de transparência perante os consumidores brasileiros, esclarecendo se a fraude é isolada e quais os níveis de 

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