Paulo Ormindo de Azevedo
A psicose se caracteriza pela perda de contato do paciente com a realidade. Don Quixote, com sua mania de grandeza e poder e alucinações visuais, era um psicótico. Mas há também a psicose social, que é o estado de espirito coletivo deflagrado por uma comoção social. Nos EUA, entre 1950 e 1957, o senador Mc Carthy criou o Comitê de Atividades Antiamericanas tendo como braço executivo a FBI. Milhares de pessoas foram perseguidas e presas, como comunistas. Os alvos eram funcionários, educadores, sindicalistas e artistas. Perseguido, Charles Chaplin se exilou na Inglaterra.
Casos comprovados de corrupção deflagraram uma psicose anticorrupção no pais semelhante ao macarthismo, comandada pelo M.P.F. e polícia do Paraná. Os crimes precisam ser investigados, mas não da forma espalhafatosa como são televisionadas as prisões, com os suspeitos levados por policiais encapuçados com os braços para trás como se estivessem algemados, porque não basta serem suspeitos, precisam parecer condenados. Depoimentos sigilosos são vazados na TV. Doações de campanha, que eram permitidas, são apresentadas indiscriminadamente como fraudulentas. Não é crível que todos os políticos e dirigentes de empresas sejam picaretas.
O último desses shows globais foi a batida nos frigoríficos. Nossos “federais” confundiram “enviar a carne em caixas de” com “enfiar a salsicha com” papelão. Casos gravíssimos, como o da “vaca louca”, foram sanados com rigor pelos ingleses, sem macular a imagem do país. O mesmo fizeram os americanos com a corrupção na Enron em 2002 e nas agencias imobiliárias Fannie Mae e Freddie Mac, em 2008. A Petrobras, uma das maiores petrolíferas do mundo, grampeada pela CIA, está sendo triturada pelo próprio governo, o mesmo acontecendo com as empresas de infraestrutura, como se viu no recém leilão dos aeroportos.
Estamos assistindo agora à desqualificação de alguns dos mais importantes produtos de exportação brasileiros, as carnes bovina, suína e de frango. O prejuízo dessas bravatas para o pais é desastroso. É hora do STF investigar esses abusos, sem medo de parecer que está acabando com a Lava Jato.
SSA. A Tarde de 26/03/2017
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