Já festejei
umas oitenta São Silvestre sem nunca ter participado de qualquer corrida, a não
ser atrás de uma garrafa de champanhe. Olho para o ano moribundo sem muita
saudade. Cada dia, o noticiário nos trouxe um saco cheio de políticos putrefatos,
de polícias assassinos ou assassinados, de pastores evangélicos enriquecendo
com a ignorância de um povo que continua sem direito a educação.
Resta o inefável
prazer de sentar na varanda frente ao sempre movediço espetáculo do céu da baia.
Resta o calor humano de queridos amigos, alguns morando bem perto de minha
casa. Falar de todos não caberia nos 2.700 toques de teclado para esta coluna.
Mas de um deles me vejo quase obrigado a falar. Pelo tamanho da responsabilidade assumida ao reinventar uma sala de cinema que, em 1919, ostentava o germânico nome de Kursaal Baiano, depois Cine-Teatro Guarani, para, finalmente, em 1981, adotar o nome de Cinema Glauber Rocha.
Fechou as portas em 1988 como, aliás, muitos cinemas de rua de Salvador, vítimas da antropofagia dos shoppings. Seria preciso muita coragem, muita teimosia para um jovem crítico e cineasta, sem padrinho político, sem fortuna pessoal, enfrentar tão louco desafio. E mais: no até hoje abandonado centro histórico de Salvador.
Não faltaram bons conselhos de amigos para abandonar o projeto, sempre com o refrão do “Não vai dar certo”.
Mas de um deles me vejo quase obrigado a falar. Pelo tamanho da responsabilidade assumida ao reinventar uma sala de cinema que, em 1919, ostentava o germânico nome de Kursaal Baiano, depois Cine-Teatro Guarani, para, finalmente, em 1981, adotar o nome de Cinema Glauber Rocha.
Fechou as portas em 1988 como, aliás, muitos cinemas de rua de Salvador, vítimas da antropofagia dos shoppings. Seria preciso muita coragem, muita teimosia para um jovem crítico e cineasta, sem padrinho político, sem fortuna pessoal, enfrentar tão louco desafio. E mais: no até hoje abandonado centro histórico de Salvador.
Não faltaram bons conselhos de amigos para abandonar o projeto, sempre com o refrão do “Não vai dar certo”.
Hoje o
Gláuber Rocha, não só é uma realidade. Tornou-se espaço incontornável para
todos aqueles que, velhos ou jovens, profissionais ou amadores, gostam da
Sétima Arte. Pode se discordar da decoração interna preto-funerário, imposta
pelo patrocinador, que em nada se harmoniza com os luminosos afrescos do Carybé.
Pode se lamentar o sumiço dos folhetos, muito práticos, que anunciavam detalhadamente
a programação da semana. Pode se questionar a ridícula proibição pelo IPHAN de
cartazes na fachada.
Mas o que seria da cultura em Salvador sem o cinema Gláuber Rocha?
Mas o que seria da cultura em Salvador sem o cinema Gláuber Rocha?
Com a morte
de Guido Araújo e a desistência de Walter Lima, só podemos agradecer ao Cláudio
Marques que este ano festejou seu 13°Panorama Coisa de Cinema, recebendo a
impressionante cifra de dezoito mil entradas no espaço de uma semana. São
poucas as atividades culturais que, na Bahia, conseguem reunir tanta gente sem
cair na mais descarada apelação. Durante sete dias todos os que contam na
intelligentsia soteropolitana, sem falar dos que vem do Brasil inteiro e até do
estrangeiro, marcar presença na Praça Castro Alves e, estendendo-se, contribuem
à oxigenação do centro histórico.
O êxito do GR dinamizou o centro cultural Barroquinha, incentivou a reforma do Fera Palace e amanhã o Fasano.
O êxito do GR dinamizou o centro cultural Barroquinha, incentivou a reforma do Fera Palace e amanhã o Fasano.
Longa vida
ao Glauber Rocha que em 2019 festejará seu centenário!
Dimitri Ganzelevitch
A Tarde
Sábado 30 de dezembro 2017
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