INFELIZMENTE DESDE 2009, NADA MUDOU...
Não sei o que minhas
aristocráticas avós pensariam do assunto, mas de meu avô materno, Paul Bernard,
e de meu avô paterno Yacob Ganzelevitch, ambos descendentes de judeus, estou
convencido, pelo que eu sei deles, que teriam vergonha.
Israel começou a agressão à
faixa de Gaza com o pretexto de acabar com maquiavélicos túneis que importariam,
na calada da noite, perigosos armamentos do Egito. Tal qual o sanguinário Bush
invadindo o Iraque sob pretexto de descobrir armamento nuclear, mesmo sabendo
que nada existia, nem de longe.
Na verdade interessava o
petróleo iraquiano e o proselitismo “new born christian”.
Desde o 22 de dezembro, com o
armamento mais poderoso do Oriente Médio, Israel invadiu e bombardeou sem
piedade um povo preso entre fronteiras fechadas, com dificuldade de
sobrevivência, sem comida, água ou remédios.
Sinto-me conivente e tenho
vergonha.
Durante três semanas, até
hoje, as agressões mataram 1024 palestinos. Um bom punhado de “terroristas” talvez,
e um monte de inocentes apavorados, na maioria crianças, velhos e mulheres.
Sinto-me conivente e tenho
vergonha.
É verdade que do lado dos
extremistas do Hamas, eles fizeram estragos dramáticos com suas pedradas e seus
mísseis caseiros, matando 13 soldados israelenses. Sem falar dos dois
palestinos mortos por erro de lançamento dos mortíferos mísseis caseiros.
Afinal, onde estão as temíveis armas palestinas de última geração?
Sinto-me conivente e tenho
vergonha.
O bombardeio israelense não
poupou escolas, universidades nem hospitais. Os relatos de jornalistas e
estrangeiros que ainda se encontram em Gaza, são unânimes: trata-se de uma
matança totalmente desproporcionada ao perigo palestino.
Sinto-me conivente e tenho
vergonha.
Para acalmar os gritos dos
movimentos internacionais humanitários (?), Israel aceitou abrir durante três
horas as portas deste escandaloso muro - que abocanhou as melhores terras e a
nascentes, nem hesitou em cortar aldeias em dois – para que mantimentos e
remédios fossem levados ao povo palestino. Mas desprezaram sua palavra e
bombardearam os caminhões!
Sinto-me conivente e sinto
vergonha.
Os últimos relatos denunciam
o uso de bombas israelenses com fósforo branco. Trata-se de um belo avanço
tecnológico, com requintes de perversidade e crueldade, em relação à limpeza rápida
dos gases da II Guerra Mundial, já que o fósforo branco tem a vantagem de pegar
fogo quando atinge a pele humana e queima enquanto tiver oxigênio.
Sinto-me conivente e tenho
vergonha.
E quando são desmascarados
surtos de racismo no estado de Israel contra judeus negros da Etiópia, sinto-me
conivente e tenho vergonha.
Sinto-me também envergonhado
quando algum amigo confunde propositalmente anti-semitismo, que é racismo, com
anti-sionismo, que é política.
Durante os 16 anos que
trabalhei no Mercado Modelo, tive inúmeras vezes a comprovação da arrogância e
desrespeito dos jovens israelenses e sugiro a quem duvidar de fazer uma pequena
pesquisa junto ás pousadas de Salvador, para saber mais sobre o comportamento
deste povo. Estarrecedor.
Somos, na verdade, todos
culpados por termos contribuído, expulsando um milhão de palestinos, a criar um
estado sem memória – mais bem, que usa da memória conforme sua conveniência - que
mais se aproxima do Alabama com seu Klu-Klux-Klan que de uma democracia ocidental.
Só resta agarrar-me aos
escritos do intelectual americano e judeu Noam Chomsky e ás posições contrárias
a esta política da terra queimada por outros judeus e israelenses, que são
numerosos, mas não o suficiente.
O mundo inteiro clama por
justiça.
Cansei de ter vergonha.
Dimitri Ganzelevitch
15 janeiro 2009
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