Ao abrir o Google, você terá a surpresa de descobrir que temos 58 museus em Salvador. Não esquente os neurônios: muitos só existem no papel. Duvido que tenha ido a mais de meia dúzia, mesmo aqueles realizados em caráter de urgência na gestão ACM Neto. Projetar um museu necessita de longa maturação sob pena de ser taxado de mero enchimento de linguiça.
Receptáculos
da cultura e da memória de toda comunidade, eles são parte essencial da noção
de identidade territorial. O que seria do México sem o Museo Antropológico ou
da Colômbia sem o Museo del Oro?
Salvador
carece de museus. Fora o centro histórico e Vitória/Graça, nada. Itapagipe,
Liberdade, Pituba, Plataforma, Itapoã... só comércio e alimentação.
Entre os
bairros mais carentes, a bela e maltratada ladeira da Soledade, a caminho da
Liberdade, poderia se transformar num imenso centro de cultura, aproveitando
alguns dos vários e importantes imóveis que estão ruindo sob o olhar
indiferente dos poderes públicos. Já mencionei a necessidade de um Museu
Nacional do Azulejo - conforme sugestão de Paulo Ormindo de Azevedo, deixando o
Solar Bandeira para um Museu do Açúcar -
talvez no vasto imóvel vizinho. Um Museu de Cultura Popular, a Bahia
sendo um dos poucos estados da federação a não ter. Museu do Brinquedo com as
magníficas coleções de David Glat e Sálua Chequer. Da Dança, do Teatro... e
porque não aqui também, a mais de dois mil quilômetros de São Paulo, um Museu
da Língua Portuguesa?
Já imaginou
as centenas de empregos que poderão ser oferecidos? Desde vigilantes,
jardineiros, eletricistas, motoristas e agentes de limpeza até museólogos,
bibliotecários, monitores, arquivistas, curadores e restauradores. Sem contar com
uma variedade de serviços: restaurantes, bares, lanchonetes, galerias e um sem
fim de butiques.
Patrocinadores
não tardarão em aparecer. Mera questão de motivação. Usineiros, fábricas de cerâmica
e porcelanato, bancos, indústrias e até, quem sabe, generosos e sensíveis
mecenas.
A Bahia anseia
em se tornar um grande polo de turismo. Tem que investir em cultura e memória, aquilo
que faz a imensa diferença com o resto do país, porque praias e carnavais,
existem outros. Curitiba “sustentável
e economicamente viável por meio da tecnologia” pode ser uma das cidades mais inteligentes do planeta,
mas é de outra inteligência que aqui se trata. Aquela que nos vem de Platão,
Descartes, Machado de Assis e Rui Barbosa.
É preciso ampliar os espaços
culturais nesta cidade que tanto cresceu em três décadas e investir em bairros
fora do eixo Barra/Pelourinho.
Em breve
teremos seis hotéis de alto luxo. Será necessário preencher as agendas dos
visitantes com algo mais que as baianas de receptivo e as lojas de pedras
semipreciosas.
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