Paulo Ormindo de Azevedo
Este era o slogan de uma usina de concreto e se transformou no lema dos administradores públicos. Lobby mal só mete medo às criancinhas, mas seria melhor que não se escondesse para sabermos quanto pagamos e a quem, como nos States. Os lobos das construtoras de escondem no subsolo dos gabinetes governamentais e atacam durante a noite para que elas continuem petrificando nossa cidade.
São elas as responsáveis por Salvador ser a cidade mais “viadutizada” do planeta. Temos viadutos que não passam um carro, como os da Fonte Nova; que alagam, como o da Federação; e o Viaduto do Aeroporto, que é saída de metrô e ponto de ônibus e táxis. Temos ainda o único subway, ou underground, aéreo do mundo, a Linha 1 do metrô. Viadutos são vias bloqueadas que não permitem escolhas. A Rótula do Abacaxi foi transformada em uma chicana de pilares. Enquanto o viaduto da Av. Barros Reis está vazio, se forma um engarrafamento no chão para que os motoristas possam retornar à Av. ACM, subir para o Cabula, ou descer para a Cidade Baixa.
O concreto tem muitas utilidades, serve para impermeabilizar o solo e encostas e construir ponte, viadutos e espigões de 40 andares que engarrafam as ruas. O material poderia ser oficializado como uma moeda regional, como já foi o sal. O Estado e a Prefeitura ao invés de pagar “salários”, como em Roma, pagaria “concretários” a seus funcionários. Operários iriam à Usina Central da Fazenda pegar seu carrinho de mão de concreto para cimentar suas casas e empresários contratariam “n” caminhões betoneiras para construírem seus espigões.
O verde público foi extinto pelo metrô e o BRT e o privado do Caminho das Árvores transformado no Caminho do Cinzento. Há alguns anos foi lançado o Loteamento Horto Florestal, com TAC de preservação das árvores e só se permitir casas em lotes florestados. Mas a Odebrecht reservou uma gleba vizinha ao loteamento e lançou duas torres que tinham como reclame a vista e o ar puro do horto. A prefeitura recentemente resolveu fazer o milagre da multiplicação dos peixes, ou melhor dos IPTUs, permitindo a construção de espigões onde hoje são casas e árvores. Fez o mesmo no Buração, para não se poder mais bronzear. Em Salvador as indústrias do concreto, dos viadutos, dos espigões e do IPTU são irmãs.
Por que ao invés de concretar não se faz uma passarela verde ligando o Unhão à Vila Brandão ou um parque em Cajazeiras?
São Paulo, que é mais arborizada que Salvador, tombou os Jardins Paulistanos, que são bairros de casas burguesas, mas servem como pulmão da cidade. No Cine Paseo vi vídeos de moradores do Horto Florestal e da Praia do Buracão apelando para a população se posicionar contra a destruição do verde e sombreamento das praias. O Movimento Salva Verde me pede para ajudá-lo nessa campanha, o que faço com a maior convicção e prazer. O verde é progresso, o atraso é concreto!
SSA: A Tarde, 12/11/2023
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