Acabo de voltar da Cidade Baixa. Subi pelo plano inclinado do Pilar que agora funciona 24 horas. Como mudou o Comércio desde que fizeram aquela necessária adaptação dos galpões do porto! Agora sim podemos nos equiparar a Buenos-Aires, Belém e Barcelona, disfrutar plenamente da vista da baía e curtir o movimento das diversas embarcações, desde os pesados cargueiros até as leves canoas dos competidores de remo.
Jantei com
um casal amigo no Armazém 4. O churrasco do Boi Preto mantém sua reputação e o
cenário de fazenda gaúcha nos permitiu viajar por quase duas gostosas horas.
Aproveitamos para visitar o fabuloso Museu de Cultura Popular pelo qual briguei
por anos. Não deixa nada a desejar ao Museu do Homem do Nordeste nem ao Pavilhão
da Criatividade Darcy Ribeiro. A Bahia merecia. Meus amigos tiveram assim a
oportunidade de apreciar as modestas peças que doei antes da abertura. Do lado
de fora, numa esplanada entupida de notívagos, corriam pingas e cervejas
enquanto um trio nordestino lembrava os sucessos do imortal Luís Gonzaga.
Contemplamos
um imenso cruzeiro zarpar, mais iluminado que árvore de Natal. Impossível
observar o fellinesco momento sem alguém mencionar E la Nave Va. Ao ver a festa
permanente que é hoje o Comércio, não resta dúvida de que os passageiros debruçados
nos muitos decks ficarão apaixonados pela cidade.
Próxima
semana, voltaremos ao porto para a abertura no Armazém 3 da grande feira de
artesanato que, pelo que afirmam, será mais importante que a Fenahall de Recife
onde descobri tantos artistas de talento.
Já o Armazém
2, mais popular, abriga um conjunto de restaurantes e botecos onde se podem
degustar cozidos, moquecas e sarapatel enquanto reina o melhor do samba baiano.
Quem precisa completar a decoração do lar, que entre no 7
onde galerias de arte, antiquários e várias marcas de design oferecem uma
escolha sempre renovada. No 5 montaram o mágico Museu do Brinquedo com as
coleções de David Glat e Sálua Chequer.
A Cidade
Baixa mudou, sim. Hotéis alternam com bancos e moradias populares. Uma feira de
frutas e verduras é instalada, conforme o dia, em diferentes pontos do Comércio,
desde a Conceição da Praia até a Rua do Pilar. O Mercado do Ouro foi recuperado,
respeitando os varejistas tradicionais, e o Trapiche Barnabé, joia salva por um
francês teimoso, é hoje uma mistura de centro cultural polivalente e um
interessante museu da história da escravatura no porto de Salvador.
Do terminal
da Companhia de Navegação saem catamarãs a intervalos regulares para as ilhas
de Maré e do Frade e para o Museu Wanderley Pinho onde podemos finalmente
admirar o magnífico legado de Frans Krajsberg.
Os sonhadores
transformam o mundo. Não é mesmo, Ruy Espinheira, meu amigo?
Dimitri Ganzelevitch
A Tarde, sábado 20 de janeiro 2024
Boas notícias, Dimitri!
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