...QUE COSTUMA PARIR CAMUNDONGOS
Em novembro passado a Fundação Mário Leal Ferreira, após
gestação de cinco anos, apresentou um projeto de revitalização de parte do
Comércio. Aquela que começa no largo Marechal Deodoro e termina na Igreja do
Pilar.
Este espaço guarda importantes marcas da história do porto.
Numa ponta, o Mercado do Ouro, parcialmente descaracterizado ao destruir o
centro comercial interior, comprado ou alugado desde 2007 por Carlinhos Brown
que, em 2023 tinha uma dívida de mais de meio milhão em IPTU. Continua
recebendo o aluguel dos dois últimos espaços comerciais do edifício? Tem anos
que o Mercado de Ouro não recebe a mínima manutenção. Pode ruir a qualquer
momento.
Na outra ponta o Trapiche Barnabé em boa parte restaurado
após vinte anos de total dedicação pelo cineasta Bernard Attal, com recursos
próprios e sem o mínimo apoio nem do Estado, nem da prefeitura.
Hoje o Mercado do Ouro está fechado, sem previsão de
recuperação, enquanto o Trapiche Barnabé passou a ser o mais novo xodó de
Salvador. Além de apresentar o Buena Vista Social Club e a montagem teatral
“Depois do julgamento” com Wagner Moura a partir de uma obra de Ibsen e um simpósio
do Ministério Público, a lista de eventos fazem desta parte do Comércio uma dos
mais dinâmicas de Salvador. E não só: em consequência, a Igreja do Pilar
começou a celebrar casamentos da melhor sociedade baiana.
No seminário organizado pelo dito órgão para apresentar mais
um projeto revolucionário na área dita “do Pilar” não foi esquecido de convidar
o Carlinhos Brown que, afirmam os moradores da área, “ fala muito, mas não faz
nada”, mas não se lembraram de saber se o Bernard Attal, que conhece a
problemática da área como poucos, tinha alguma sugestão para acrescentar. Você
pode me explique o porquê desta omissão. Indiferença ao brilhante trabalho
executado? Inveja? Xenofobia? Talvez um milk-shake destes ingredientes.
Chegou o momento de fazer a pergunta que incomoda: Afinal, a
digníssima senhora que preside as decisões da FMLF e está com as rédeas do
poder desde 2013, tem cargo vitalício?
A FMLF nunca brilhou pela excelência de suas realizações.
Inesquecível o sarcófago nas imediações da Igreja da Conceição da Praia, cuja
utilidade ainda ninguém adivinhou e, pelos boatos, está agora a venda. Também
desta administração a derrubada do terminal do Aquidabã, projeto arrojado pela
contemporaneidade de dois excelentes arquitetos, substituído por uma quadra e
cinco pontos comerciais que nem sanitário possuem. E os moradores de rua
continuam acampando sem qualquer assistência por parte da prefeitura. Talvez do
mesmo órgão os curiosos chalés suíços que hora ocupam a Praça da Sé, sem a
mínima conexão com o conjunto arquitetônico.
Até onde vai a avacalhação...


















