quinta-feira, 8 de fevereiro de 2024

ATAQUE QUÍMICO CONTRA INGÍGENAS

 

“Precisa investigar”, diz sindicato rural sobre ataque químico contra indígenas

Presidente do Sindicato Rural de Caarapó diz que estão de “mãos atadas” e que irão aguardar decisão da Justiça

Por Mylena Fraiha | 07/02/2024


Precisa investigar”, defende o presidente do Sindicato Rural de Caarapó, Carlos Eduardo Macedo Marquez, sobre a denúncia do Cimi (Conselho Indigenista Missionário) Regional Mato Grosso do Sul a respeito do constante ataque químico na TI (Terra Indígena) Guyraroka, localizada em Caarapó, a 274 km de Campo Grande.

A denúncia do Cimi foi feita nesta segunda-feira (5), após lideranças indígenas da região apontarem que nas últimas duas semanas uma criança indígena tem sofrido com falta de ar e vômitos, ocasionada pela inalação de agrotóxicos. 

Durante a aplicação do agrotóxico, uma nuvem branca se forma no ar, sendo dispersada pelos ventos e pelas chuvas. O agrotóxico não apenas contamina os indígenas diretamente, por meio do contato com a pele e as vias respiratórias, mas também através da contaminação da água e dos alimentos pulverizados.

O desrespeito a protocolos de segurança estabelecidos por órgãos regulatórios leva os indígenas a interpretarem a pulverização de agrotóxicos como uma tentativa de expulsão e extermínio de seu povo. A liderança denuncia que isso representa uma mensagem implícita de "se não querem morrer, vão embora" e "se querem viver e existir, morram aí".  

No entanto, as denúncias não são de agora. De acordo as lideranças indígenas, desde 2018 fazendeiros ao entorno do território estão contaminando a área com agrotóxicos. A aldeia tem pouco mais de 50 hectares e fica ao lado de monoculturas, na região de Caarapó. 

Para Carlos Eduardo, os indígenas da região estão em contato com as lavouras, que, por sua vez, estão localizadas em terras “invadidas”. "A terra invadida por eles [indígenas] já está sendo cultivada por alguém”, defende. 

O presidente do Sindicato Rural de Caarapó afirma que estão de “mãos atadas” e que aguarda a decisão da Justiça. 

"O sindicato aguarda a decisão da Justiça. Não podemos fazer nada. Podemos ajudar os indígenas, mas não podemos entrar lá. Se pudéssemos intervir, ajudaríamos.O sindicato está à disposição para auxiliar tanto os índios quanto os fazendeiros. No entanto, em questão de lei, estamos de mãos atadas. Não temos poder de investigar e julgar", defende Carlos Eduardo. 

Apesar do impasse agrário, Carlos Eduardo comenta que é preciso averiguar se fazendas da região estão de fato realizando um plantio seguro. "Acredito que uma investigação é necessária para determinar se o cultivo está sendo feito de forma adequada. No entanto, não podemos interferir”. 

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