sábado, 5 de novembro de 2016

S.O.S. AZULEJOS


A II Semana Internacional do Azulejo não teve as honras da imprensa nem da televisão. A informação soteropolitana perdeu assim um dos eventos mais significativos do ano em referência a nosso tão maltratado patrimônio material.

A Bahia possui o maior acervo azulejar do mundo lusitano fora de Portugal. Acervo este se deteriorando de forma alarmante sob o olhar indiferente das autoridades, tanto religiosas e federais, como estaduais e municipais. Cada um empurrando com a barriga. Nossa cultura vai perdendo suas referências, a capital se parecendo “cada dia mais com um paliteiro” e o turismo evaporando-se na relativa leveza do ar. 
Apesar da total e costumeira falta de apoio oficial, conseguimos a proeza de receber, no Museu de Arte Sacra, especialistas de Minas Gerais, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Pará, Maranhão e Pernambuco, sem contar, é claro, com a prata da casa. Em destaque especial, de Lisboa vieram os proprietários da tri-secular fábrica Sant´Anna, última do gênero em toda a Europa, fábrica a quem devemos, entre outras obras, algumas das mais belas figuras de convite do convento de São Francisco de Salvador.

Faltou, para prestigiar a inauguração ou qualquer dia do evento, o magnífico reitor da Ufba. Faltou também o menos magnífico superintendente do IPHAN/Bahia, Bruno “La vue” Tavares, na mesa de debate do último dia. Mas este não fez muita falta, já que pouco teria a declarar sobre o estado dramático de nosso patrimônio. Pessoalmente, lamentei esta ausência, tendo preparado alguns questionamentos.


Em consequência do seminário, as conferências serão publicadas em breve em forma de e-book. Resultado também deste encontro, estamos estruturando uma associação nacional de preservação do patrimônio azulejar brasileiro no modelo português da S.O.S. Azulejos. 
Talvez possamos, com esta arma, impedir o desaparecimento de uma expressão cultural comum a muitos países – assim irmanados -  desde a Mesopotâmia até a Holanda, México e Argentina.

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