sexta-feira, 16 de dezembro de 2016

QUEM PAGA PELA REFORMA

EDITORIAL JORNAL “A TARDE” 
15/12/2016


O objetivo dos governantes ao criar a Previdência Social foi garantir ao trabalhador o direito a uma aposentadoria digna após muitos anos de trabalho e de contribuição para o sistema. O princípio básico é que os recursos descontados dos trabalhadores bancariam as despesas. Mas aí entrou na história a tradição brasileira da má gestão das verbas públicas e dos desvios gerados pelos mais diversos interesses, os quais quase nunca coincidem com os da maioria da população.

Ao longo da história da Previdência Social, os casos de corrupção têm sido responsáveis por inúmeros “rombos” nas finanças que deveriam estar voltadas exclusivamente para bancar aposentadorias e benefícios sociais. Com uma trajetória marcada por assaltos e rapinagem, não é de estranhar que o dinheiro recolhido não seja suficiente para bancar os custos da assistência social no Brasil.

No entanto, quando o governo empenha-se em reformar a Previdência Social, o que se vê são propostas que atingem unicamente o bolso e a vida daqueles que contribuem e que não têm culpa pelos problemas de caixa que possam existir no setor. Determinar que um cidadão tenha que contribuir durante 49 anos para ter direito à aposentadoria integral é condenar à morte milhões de trabalhadores que não conseguem sequer viver até os 65 anos, quanto mais trabalhar até aquela idade.

Em vez de intensificar a cobrança dos grandes devedores da Previdência em todo o Brasil, evitar a corrupção no sistema e tornar mais eficiente a máquina pública, ações que poderiam recolher ao Tesouro bilhões de reais sonegados, desperdiçados ou desviados, o governo pega o caminho mais fácil de punir os trabalhadores da iniciativa privada e os servidores públicos, que não podem se defender.

Espera-se que os congressistas, num momento tão dramático para o Brasil, sejam capazes de pensar um pouco menos em salvar os próprios pescoços, ameaçados pelos escândalos de corrupção, e ajam para proteger os trabalhadores de agora e do futuro.

Um comentário:

  1. O editorialista desse jornal é bem fraquinho. MUITO fraquinho. Uma nulidade, aliás. Em texto e conhecimento de causa.
    Jamais li um artigo tão tipo "ouviu o galo cantar mas não sabe aonde" sobre a formação do INSS e tão naïf a respeito desse grande blefe que é a quebradeira do sistema (apesar dos roubos sucessivos).
    Não costumava ler os jornais locais porque são medíocres e provincianos.
    Mas desde que vi a maravilhosa manchete do A Tarde traduzindo Spice Girls por Garotas Espaciais passei a ter inenarrável prazer, quase orgástico, em ler até publicidade oficial (incluindo aquelas disfarçadas de notícias).

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