Editorial Jornal A TARDE
22/03/2017
O Brasil abriu mão, nos
últimos anos, do protagonismo no que diz respeito à diplomacia internacional.
Essa inapetência, que começou no primeiro governo Dilma Rousseff, levou o país
a abrir mão de candidatura a um assento no Conselho de Segurança da Organização
das Nações Unidas – responsável por cuidar da segurança e da paz no mundo -, de
onde ficará afastado até o ano de 2033, a não ser que consiga negociar uma
substituição, o que não é fácil.
Cinco
membros permanentes (Estados Unidos, Rússia, China, França e Reino Unido – os
“P-5”) e dez não permanentes, eleitos para mandatos de dois anos, formam o
Conselho, o CSNU. O Brasil esteve nele presente por dez vezes, nos biênios
1946-47, 1951-52, 1954-55, 1963-64, 1967-68, 1988-89, 1993-94,1998-99, 2004-05
e 2010-11, quando recebeu 182 votos dos 183 presentes ao pleito.
O
Itamaraty advoga a necessidade de reforma do CSNU, “para torná-lo mais legítimo
e representativo do conjunto dos Estados-membros da ONU”, que hoje somam 193
países. Mas não haverá como expressar sua visão a respeito das relações entre
os povos, mostrando-se, como tem feito, desinteressado em se colocar no
primeiro plano das discussões.
Especialistas
na área enxergam, no Brasil, um “encolhimento”, sendo superado por países de
muito menor expressão econômica. Isso se reflete, por exemplo, na maneira como
o governo brasileiro vem sendo tratado, já há alguns anos, por outros
dirigentes de países mais desenvolvidos: de forma apenas protocolar.
É
certo que o Conselho de Segurança da ONU é apenas um entre vários espaços de
discussão da ordem mundial, mas o recuo da diplomacia brasileira, iniciado com
Dilma Rousseff e mantido no atual governo, emite sinais desencorajadores.
Parece
que o presidente Michel Temer esqueceu o discurso feito na sede do organismo,
nos Estados Unidos, defendendo um aumento da representatividade das estruturas de governança global, “muitas
delas envelhecidas e desconectadas da realidade”.
O
Brasil parece estar se desconectando.
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