quinta-feira, 23 de março de 2017

DIPLOMACIA ENCOLHIDA


Editorial Jornal A TARDE 
 22/03/2017

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O Brasil abriu mão, nos últimos anos, do protagonismo no que diz respeito à diplomacia internacional. Essa inapetência, que começou no primeiro governo Dilma Rousseff, levou o país a abrir mão de candidatura a um assento no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas – responsável por cuidar da segurança e da paz no mundo -, de onde ficará afastado até o ano de 2033, a não ser que consiga negociar uma substituição, o que não é fácil.

Cinco membros permanentes (Estados Unidos, Rússia, China, França e Reino Unido – os “P-5”) e dez não permanentes, eleitos para mandatos de dois anos, formam o Conselho, o CSNU. O Brasil esteve nele presente por dez vezes, nos biênios 1946-47, 1951-52, 1954-55, 1963-64, 1967-68, 1988-89, 1993-94,1998-99, 2004-05 e 2010-11, quando recebeu 182 votos dos 183 presentes ao pleito.

O Itamaraty advoga a necessidade de reforma do CSNU, “para torná-lo mais legítimo e representativo do conjunto dos Estados-membros da ONU”, que hoje somam 193 países. Mas não haverá como expressar sua visão a respeito das relações entre os povos, mostrando-se, como tem feito, desinteressado em se colocar no primeiro plano das discussões.

Especialistas na área enxergam, no Brasil, um “encolhimento”, sendo superado por países de muito menor expressão econômica. Isso se reflete, por exemplo, na maneira como o governo brasileiro vem sendo tratado, já há alguns anos, por outros dirigentes de países mais desenvolvidos: de forma apenas protocolar.
É certo que o Conselho de Segurança da ONU é apenas um entre vários espaços de discussão da ordem mundial, mas o recuo da diplomacia brasileira, iniciado com Dilma Rousseff e mantido no atual governo, emite sinais desencorajadores.

Parece que o presidente Michel Temer esqueceu o discurso feito na sede do organismo, nos Estados Unidos, defendendo um aumento da representatividade das  estruturas de governança global, “muitas delas envelhecidas e desconectadas da realidade”.

O Brasil parece estar se desconectando.   

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