PARA MICHEL TEMER
POR EDUARDO AFFONSO
Michel,
Primeiramente, escrevo esta carta do fundo do meu coração no que se refere a sentimento, que é uma coisa muito importante que a pessoa ela sente e ela precisa demonstrar.
O pai tem, a mãe tem, e ter não é mais importante do que ser, conforme dizem os filósofos, que são pessoas que pensam sobre os sentimentos, como os gregos que eram filósofos também e inventaram o esporte olímpico, que nos deixou o legado.
Eu e você, nós tivemos nossas diferenças, o que é uma coisa natural entre duas pessoas, ou entre 3, 4, 5 pessoas, ou mesmo entre animais, que a gente trata como pessoas porque o cachorro ele é o melhor amigo do homem e a cadela é a melhor amiga da mulher, e o cachorro trans é o melhor amigo trans do homem trans, e isso é uma coisa importante de lembrar nesta data, que é um dia.
Um dia que depois vem uma noite, e a noite é uma criança – por isso não posso deixar de falar do cachorro.
Você fez uma cachorrada comigo, Michel, mas eu te perdoo, no que se refere a que eu foi por sua causa que me tornei ex e agora gasto 600 mil por ano viajando pra lá e pra cá às custas do povo para falar mal do Brasil no que se refere ao golpe.
Sem você, eu teria que morar mais dois anos naquele palácio horroroso que a gente não sabe onde é a porta onde é a janela, cheio de rampa sem corrimão que é uma coisa muito importante no que se refere a acessibilidade e se não fosse o Bessias me ajudando a subir e a descer eu teria me estabacado diuturnamente pelo menos 3 vezes por semana. Sem contar as vezes que teria errado a vidraça da porta e tentado sair pela vidraça da janela.
Mas tergiverso, Michel. Porque estou perplecta com o que te aconteceu. Perplecta e estarrecida no que se refere a delação premiada, que é uma coisa que eu não sei se você sabe, tem um ditado que diz que farinha pouca meu pirão primeiro. E pirão é feito com mandioca, e a farinha da mandioca é uma coisa importante na alimentação do homem nordestino, da mulher nordestina e do povo do nordeste, do sudoeste e de todos os pontos cardeais.
Não faça delação premiada, Michel. Ou, se fizer, não lembre da mandioca.
O presidente Lula não fez delação premiada e não entregou a si próprio no que se refere a ser o chefe da organização criminosa. Ele está sendo submetido a torturas na prisão, no que se refere a ter que ler livros. Eu li 3 livros uma vez a minha vida inteira e ainda tenho pesadelos com esse trauma.. Essa tortura é algo que não se apaga como o interruptor ou o dentifrício.
Você foi o meu vice decorativo, e é de coração que lhe peço que não caia na tentação de contar aquelas coisas que a gente combinou no que se refere a verbas, contratos e porcentagens que são uma coisa muito importante no que se refere a contabilidade paralela.
Como você é um homem culto, que estudou mesóclises, sabe que as paralelas têm uma coisa em comum que é o rabo do cachorro. O rabo do cachorro, e isso eu aprendi na política, é parte do cachorro mas é mais rápido que o cachorro, por isso o cachorro nunca alcança o rabo.
Você pode ter ficado magoado por eu ter te chamado de golpista, que é uma coisa muito importante no que se refere ao impítimã, mas você sabe que eu às vezes me enrolo um pouco com as palavras porque eu penso muito depressa, e quando eu penso eu sou o cachorro e o meu pensamento é o rabo do cachorro.
Era isso. Meu conselho é que, na hora em que te perguntarem alguma coisa, você mexa as mãozinhas, fale “evidentemente” como se fosse vírgula, deixando as pessoas confusas, assim como eu faço quando uso “no que se refere” como se fosse vogal.
Se encontrar com o Serginho e o Pezão no banho de sol, diga que eu penso neles todos os dias e que #tamojunto porém vocês aí e eu aqui. Porque a lealdade é uma coisa muito importante no que se refere a ninguém soltar a mão de ninguém, e esse primeiro ninguém é você e esse segundo ninguém sou eu.
Em nome dos bons momentos e dos velhos tempos, receba um afetuoso e desinteressado abraço da sua amiga
D.R.
PS 1: Palocci deu com a língua nos dentes e tá lá, preso. Zé Dirceu não abriu o bico e tá solto. Como se diz em Minas, passarinho que come pedra mais vale que dois cachorros que ladram mas não mordem.
PS 2: E veja pelo lado positivo: você está no Rio e seu advogado não é o Zanin!
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