Franklin Maxado*
A ponte
Salvador-Itaparica tornará praticamente a cidade numa capital do
Recôncavo e do litoral, afastando-a mais do interior e dos
sertanejos baianos. Talvez, por isto mesmo, o Governador Rui Costa anunciou
restabelecer a linha de trem para Feira de Santana contrabalançando um pouco o
tráfego que será desviado da Via BR-116. Muito do atual
movimento rodoviário preferirá a BR-101, a chamada Rio-Bahia litorânea, a qual será beneficiada com a ponte
Salvador-Ilha de Itaparica;
Essa linha de
trem deveria ser a extensão do Metrô até Feira mesmo passando por
Santo Amaro ou São Francisco do Conde. Ou ainda, Conceição do Jacuipe e
Amélia Rodrigues ajudando a diminuir o tráfego de veículos do interior para a
capital, favorecendo o livre trânsito e combatendo a
poluição.
É bom lembrar que
Metrô é abreviatura de trem metropolitano.
Essa ponte,
além de isolar a maior parte do território baiano de sua capital, ela vai
ocasionar muitos mais engarrafamentos com carros na chamada "Cidade
Baixa" devido ao movimento de caminhões e cargas para o seu porto.
O fato leva o
urbanista Paulo Ormindo Azevedo, entre outros, a condená-la achando que o
ideal seria uma rede de estradas de rodagem circundando a Baía de Todos os
Santos, interligando os seus Municípios e favorecendo o Turismo.
Como está planejada,
vai marginalizar mais essas localidades.
Quanto à Feira de
Santana, cidade que desenvolveu o comércio com o movimento de
veículos, se não houver uma compensação, ela e seus vizinhos devem se
tornar a "Baixada Baiana" numa versão da conhecida
"Baixada Fluminense", sujeita a mais crimes, tráfico de drogas
e armas, desemprego, doenças, miséria, marginalizações,
A ponte assim, ao
invés de integrar, desune, separando seu litoral e dando as costas para
todo o interior do Estado, desviando muito movimento.
Parece que há vontade política em fazê-la e
conta com a simpatia dos chineses. Para eles, é relativamente fácil pois só são
15 quilometrozinhos . A sua tecnologia já fez recentemente uma ponte de
50 km. ligando Hong Kong a Macau pela Baía de Xangai.
Afinal, temos uma
capital à beira-mar para se comunicar mais com a Europa, já que os
portugueses colonizadores foram os seus fundadores. O sonho de
interiorizar a capital , esvaiu-se e , com a ponte para Itaparica agora,
acentua mais esta distância para o caboclo mestiço e para o sertanejo interiorano.
Feira deixa de ser o "Portal do Sertão" para ser a periferia. Sem
ao menos ter um aeroporto efetivo como alternativa ao da capital.
*Franklin Maxado é
jornalista, poeta e cordelista, diretor da Academia Feirense de Letras e do
Instituto Histórico e Geográfico de Feira de Santana.
a
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