A poesia andante de cada um
DIOGO BERNI
O filme fora uma adaptação de um conto homônimo do poeta chileno.
O Carteiro e o Poeta, de Michael Radford, Itália, 1995; com 5 indicações ao Oscar.
Esta semana podemos nos considerar sortudos por tal achado. Se não for o único filme focado somente no lado “poeta” de Pablo Neruda, e com certeza, um raro de pouquíssimos, sendo que a maioria das fitas fala de um Neruda socialista e político.
O filme fora uma adaptação de um conto homônimo do poeta chileno.
De início temos o poeta vivendo, com sua bela esposa, em uma pequena cidade litorânea italiana, e impedido de voltar a seu país por causa da ditadura de Augusto Pinochet. As milhares de cartas enviadas diariamente endereçadas ao poeta são entregues pelo único carteiro da cidadezinha; e a partir desse instante, ou seja, de um fruto de admiração e medo que o singelo carteiro tem com o ilustre poeta que surge a história em si.
A grande sacada do filme é transformar o personagem “carteiro” em uma poesia andante. Explico-lhos: A visceralidade dos encontros que o carteiro tinha com o poeta na hora de entregar as cartas permitia que o carteiro absorvesse a essência do que é feita uma poesia, ou seja, por aquele instante onde tudo é belo e os insights surgem.
Assim como a vida, a poesia não tem uma receita pronta, cada qual tem de achar o seu modo de ver o mundo poético. Poesia não é algo que lhe ensinam, ou a pessoa nasce que esse sentimento latente, e sabe usar, ou não: simples assim como é a própria poesia e isso sem querer dar voltar em vossas cabeças, ou quem sabe até dando.
O filme é lindo porque faz com se reflita no carteiro a própria poesia em si, e isso sem precisar escrever uma única palavra ou frase; a personificação poética está no personagem, que, coincidentemente ou não, morre após as filmagens. Ainda assim o filme nos faz refletirmos sobre a temática “poesia”, das quais podemos destacar algumas, tais como:
Quando falamos que alguém está “poeta hoje”, quer dizer que fulano está iluminado, leve, de bem com a vida. Acho engraçado quando alguém se intitula como poeta, porque não existe a mínima possibilidade de alguém ser poeta o dia inteiro.
A poesia é como uma flor; floresce de repente, com uma força e arpor que só uma verdade absoluta e acima das coisas cotidianas pode reinar em pleno poder. A poesia nos salta aos olhos: tira-nos do lugar comum e diz em alto e em bom som: a vida é mais interessante quando é mais misteriosa, e por isso implausível, isto é, não podemos prever a cabeça de um poeta e nem que este possa se intitular como tal, porque a inspiração é instante, é sufocante, delirante, e por fim “ aprendizante” e sim: “prazeironte”.
A vida é um sopro e somos instantes, afinal não vi ainda a melhor forma do que for viver sendo um “apaixonante”. Talvez esteja reinante perante essas métricas e rimas incessantes, que por sua vez, antes não tinham valor algum, porém com insistência pedante faço do cordel e da resistência sertaneja uma característica crucificante para formar e identificar esse povo brasileiro guerreiro.
O Brasil é grande e impiedante, onde cada lugar que mostrar suas culturas latentes e incandescentes. Embora sua origem seja de qual país europeu for, por aqui encontrarás o florar do costume indígena, que com o negro também formará a nação brasileira.
A poesia é mediante do instante; assim como um click das nossas incandescências das cores “melanínicas” das nossas misturas de pele. Aqui todo mundo é brasileiro, afinal quem falaria que é ruim ser do mesmo povo de um Conselheiro, Guimarães ou até um Garibaldi que lutara no Sul?
O Brasil é continente, onde nem se a gente quisesse, poderia dar conta de tantos e em tão signos diferentes. O que podemos cravar é que nessa miscelânea de cores e povos, o Brasil, assim como a poesia, permitiu-se nascer de inúmeras formas, afinal o que importa é nascer, é ou não é? Mas por favor, sem mais corruptos, pois o caminhão deles já lotou por este lado tropical.
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