sábado, 14 de setembro de 2024

POR TRAS DA MATANÇA DE GAZA

 Territórios palestinos têm gás e petróleo que podem gerar centenas de bilhões de dólares 

Unrwa/ Marwan Baghdadi

 

Agência destaca que, até o momento, o povo palestino tem sido proibido de explorar as reservas de petróleo e gás em suas próprias terras.


28 Agosto 2019 Desenvolvimento econômico

Para Unctad, novas descobertas dão oportunidade de distribuir e compartilhar cerca de US$ 524 bilhões na região; pesquisa recomenda estudos mais detalhados sobre direito dos palestinos aos seus recursos naturais.

Geólogos e economistas confirmaram que nos territórios palestinos existem “reservas consideráveis de petróleo e gás natural”. Estes recursos estão localizados na Área C da Cisjordânia e na costa do Mediterrâneo, ao longo da Faixa de Gaza.

A informação consta do estudo intitulado O Custo Econômico da Ocupação do Povo Palestino: O Potencial Não Realizado de Petróleo e Gás Natural da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento, Unctad.


Uma mulher deslocada alimenta uma criança em Gaza. Foto: © Banco Mudial/Natalia Cieslik

Petróleo

De acordo com a pesquisa, as novas descobertas de gás natural na Bacia do Levante estão na faixa de 122 trilhões de pés cúbicos, enquanto a quantidade de petróleo recuperável ronda os 1,7 bilhão de barris.

Estes recursos oferecem “uma oportunidade de distribuir e compartilhar cerca de US$ 524 bilhões entre as diferentes partes na região, além de promover a paz e a cooperação entre os antigos beligerantes”.

Com esses fundos, poderia ser financiado o desenvolvimento socioeconômico nos territórios palestinos como parte da Agenda 2030 de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas, destaca a Unctad.

Exportação

A agência destaca que, até o momento, o povo palestino tem sido “proibido de explorar as reservas de petróleo e gás em suas próprias terras”, além da água para atender às suas necessidades energéticas e gerar receitas fiscais e de exportação.

Segundo o estudo, com essa situação aumentam tanto os custos de oportunidade quanto os custos totais suportados pelo povo palestino como resultado da ocupação.

A Assembleia Geral das Nações Unidas adotou várias resoluções sobre a questão, solicitando que a Unctad  avalie e dê informações sobre o custo econômico da ocupação.

O foco do recente estudo é o petróleo e o gás natural “devido ao seu alto valor e à importância crítica em atender potencialmente às necessidades básicas da Palestina por energia, e pelas receitas fiscais e de exportação”.

Banco Mundial/Natalia Cieslik

 

Crianças em Gaza, onde cerca de 1 milhão de refugiados palestinos precisam de assistência.

Auxílio

O trabalho identifica e avalia as reservas existentes, além do potencial de petróleo e do gás natural que podem ser explorados pela Palestina. O novo estudo sobre o auxílio aos palestinos deve ser publicado no dia 10 de setembro.

De acordo com a Unctad, nas novas descobertas de petróleo e gás natural no Mediterrâneo Oriental também é fundamental ressaltar “que Israel começou a explorar para seu próprio benefício, enquanto esses recursos podem ser considerados compartilhados, já que o petróleo e o gás natural existem em consórcios comuns”.

Os especialistas advertem que recursos que poderiam ser uma fonte de riqueza e oportunidades, podem ser desastrosos se explorados de forma individual e exclusiva, sem a devida consideração pelas leis e normas internacionais”.

Fronteiras

Os custos da exploração dos recursos naturais palestinos por  Israel, incluindo petróleo e gás natural, “impõem enormes custos e estão aumentando à medida que a ocupação continua em vigor”.

A pesquisa destaca ainda a particularidade destes recursos não serem renováveis, apontando que as gerações atuais não são necessariamente as únicas proprietárias. De acordo com o estudo, estes se estendem por fronteiras nacionais e “podem, portanto, ser de propriedade conjunta de múltiplos Estados e gerações”.

A pesquisa recomenda mais estudos detalhados “para estabelecer claramente o direito do povo palestino a seus recursos naturais de forma separada”.

Entre as outras questões a serem avaliadas estão ainda a participação legítima destas populações em recursos comuns de propriedade coletiva de Estados vizinhos da região, incluindo Israel.

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