Aninha Franco critica Igreja Católica: "Está prejudicando o Centro
Histórico"
Para Aninha Franco, casarões no Pelourinho estão sem a qualificação necessária por conta da falta de gestão da Igreja Católica
Atriz, escritora e dramaturga, Aninha Franco fez duras críticas à Igreja
Católica por conta da administração de casarões que seriam de gestão dela e
estão localizados no Pelourinho, Centro
Histórico da capital baiana. Em entrevista à Rádio Metrópole nesta quinta-feira
(19), durante o Jornal da Bahia no Ar com José Eduardo, ela comentou que as
edificações precisam de uma destinação específica e que o descaso acaba
atrasando o desenvolvimento da capital baiana.
"Falta vida. Uma parte enorme do Pelourinho, que pertence à Igreja, ou
está mal administrada ou não existe ou está caída. Tem uma casa que incendiou e
continua lá queimada. A Igreja botou tijolo para não invadirem e ela está lá
fechada desde o dia do incêndio. Por que é que a Igreja quer essas casas? A
Igreja reformou com dinheiro nosso o cinema Excelsior e nunca abriu. Essas
casas têm que ser vendidas, eu vou conversar com o Papa Francisco!",
ironizou.
Comerciante do Pelourinho, Daniel Lira é proprietário do Espaço Conceito Preto
Fala de Amor, que funciona no Cetro Histórico. Ele foi entrevistado no programa
e comentou a necessidade de pensar o local como um todo. "O Pelourinho não
é um lugar só para turistas. Se a gente vai pensar no Pelourinho dos anos 2000
para trás, era um lugar de vida para o soteropolitano e o baiano, de modo
geral. Quem chegava a Salvador e não queria ir ao Pelourinho?", questionou
o empresário.
Ainda de acordo com o comerciante, hoje o Pelourinho está "parado"
culturalmente. "A programação que se leva ao Pelourinho não atrai. Se a
gente parar para pensar que, há dez anos atrás, em setembro a gente já tinha os
ensaios de verão, hoje qual músico quer seu ensaio no Pelourinho? A quem
interessa esse Pelourinho parado?", afirmou.
Na avaliação de Aninha Franco, é necessário se repensar a gestão e novas formas
de gerir os casarões. Para a dramaturga, a Igreja Católica é um retrocesso
quando se pensa em desenvolver a região. "A Igreja não paga nem IPTU, não
esqueça disso. Isso prejudica profundamente o Pelourinho. A Igreja Católica
está prejudicando profundamente o Centro Histórico. Metade do Pelourinho é dela
e ela mantém isso de uma maneira absolutamente irresponsável. A outra parte são
casas do Estado que estão mais ou menos na mesma situação. O IPAC é uma
brincadeira. Troca de presidente todo dia. Tem um último aí que eu nem sei o
nome, mas não importa. Eles não fazem absolutamente nada pelo Centro Histórico",
disse Aninha.
Aninha Franco critica escolha por Margareth Menezes no Ministério da Cultura: "Não tem a menor condição"; secretário rebate
Para Aninha Franco, não há ações suficientes que classifiquem a atual ministra como uma gestora capacitada para gerir o ministério.
Diretora teatral, atriz e escritora, Aninha Franco comentou
as recentes iniciativas do setor cultural do país e fez duras críticas à gestão
do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Em
entrevista à Rádio Metrópole nesta quinta-feira (12), durante o Jornal da Bahia
no Ar com José Eduardo, ela disse não saber o motivo da escolha por Margareth
Menezes para chefiar o ministério.
"Eu não sei como Margareth foi escolhida da ministra da Cultura. Eu realmente não sei", disse Aninha.
"Margareth é
uma intérprete poderosa e coisa e tal. Mas ela não tem a menor condição de
comandar um Ministério da Cultura porque ela não foi preparada para isso. É
básico, é simples. Assim como Silvio não podia estar no ministério que esteve.
É simples e básico. Sem entender isso, o Brasil está cada dia pior",
declarou a diretora.
Segundo a ativista
cultural, a ministra não reúne condições de gerir a pasta, mesmo com relevantes
serviços prestados à música brasileira. "Ela não poderia dar, ela não foi
preparada para isso. O Ministério da Cultura precisa de um pensamento como um
todo. Ela não tem isso. É básico, é simples. Ela é uma intérprete maravilhosa.
Eu não posso proteger o Ministério da Cultura de Margareth porque ela é baiana.
Não posso fazer isso com a Bahia. Eu amo a Bahia e amo o Brasil. E amar
significa ser racional", afirmou.
Questionada sobre
qual seria o melhor nome para assumir o Ministério da Cultura, Aninha Franco se
esquivou e comentou os rumos do setor no país. "Tem dezenas de pessoas,
não vou enumerar. Tem que ser um técnico em cultura que entenda de todas as áreas,
que se envolva com todas as áreas. Vou te dar um exemplo de como as coisas da
Cultura estão. Está acontecendo uma Bienal do Livro em São Paulo. O presidente
da República, Lula, foi à Bienal e discursou. E o que ele disse? 'Eu não gosto
de ler'. Entendeu?", ironizou.
Secretário rebate e
Aninha comenta
Durante o programa,
o secretário estadual de Comunicação, André Curvello, se manifestou e saiu em
defesa da escolha por Margareth Menezes. De acordo com o chefe da pasta, a
ministra tem apoio do governo federal e diálogo firmado com as áreas sociais.
"Margareth é um grande nome da música e da cultura baiana. É uma mulher
negra e que tem sim suas prerrogativas. O ministério da Cultura não pode servir
apenas às elites", iniciou o secretário.
"Não é pelo
fato dela ser uma mulher, uma negra e da Bahia que ela não reúna as condições
de ser uma ministra da Cultura. Ela tem dialogado com os mais diversos
segmentos, tem feitos excelentes trabalhos sob a liderança do presidente Lula e
todo o apoio do ministro do Rui Costa e do governador Jerônimo Rodrigues. Eu
tenho certeza de que ela está iniciando um verdadeiro processo de revolução da
cultura, em prol da cultura popular, brasileira e dos jovens. Muita coisa
precisa ser feita ainda, não é o melhor dos mundos. Mas tem sido feito um
trabalho espetacular de inclusão", acrescentou Curvello.
Aninha então
respondeu o secretário e citou o Teatro XVIII, antigo espaço localizado no
Centro Histórico de Salvador. O local, que funcionava no Quarteirão Cultural do
Pelourinho, abrigou saraus, palestras e aulas. Se dirigindo a Curvello, Aninha
comentou que a unidade era uma das mais importantes da Bahia para fomentar a
cultura.
"É o seu
trabalho. Agora, se a gente for falar realmente de democratização, eu vou te
lembrar da existência do Teatro XVIII. Entre 1997 e 2007, vou além. Vou lembrar
que a madrinha do Teatro XVIII era Maria Bethânia. Antes de cada espetáculo,
ela tinha gravado o seguinte poeminha: 'Eu conheço um lugar onde pretos e
brancos, ricos e pobres, eruditos e populares dividem o mesmo espaço. Todos
porque podem e todos porque desejam'. Se você quiser discutir comigo sobre
elitização de cultura, você tem que lembrar do Teatro XVIII", finalizou.
Questionada por José Eduardo sobre o atual panorama da Bahia e de Salvador,
Aninha disse que não teve contato com os atuais gestores das secretarias, Bruno
Monteiro (Secretaria de Cultura da Bahia) e Pedro Tourinho (Secretaria de
Cultura e Turismo de Salvador). No entanto, ela comentou uma fala do gestor
municipal e a ausência de ações na capital baiana.
"Não conheço
nenhum dos dois. Fui a um evento da prefeitura, 'pensar a cidade'. O secretário
municipal fez um discurso interessante. Mas eu ainda não percebi a conexão
entre a ação e o discurso", pontuou.
Se há um crime continuado em Salvador, esse tem a ver com a Monocultura desse carnaval monstro que arrasa nossa cidade, precariza o trabalho de centenas de milhares de pessoas, tranformando-as em escravos de ganho, em ambulantes durante os eventos de pegação. Eventos, que afugentam turistas que dariam emprego e renda para o povo trabalhador.
ResponderExcluirSalvador sofre há 30 anos com oportunistas que só enxergam o próprio bolso, desperdiçando os melhores atrativos turísticos que uma cidade pode oferecer aos viajantes exigentes.
De quem é a culpa do descaso com o turismo de Salvador e da Bahia, para quem gosta de meter a bomba no PT?
ResponderExcluirSerá que não é de um finado ayatollah do turismo baiano que costumava dizer que não queria qualidade e sim quantidade?