Funcionária de escola é demitida por alimentar crianças que não tinham dinheiro para comer
Caso em Wilmington, Ohio, reacende debate sobre regras rígidas e a realidade da fome entre alunos
Fernanda Varela
Para Solsman, a atitude era simples, humana e urgente: substituir um lanche insuficiente por um prato quente, anotar pequenas dívidas em bilhetes, até mesmo usar recursos próprios para garantir que nenhuma criança ficasse sem comer. Para a administração escolar, entretanto, o procedimento configurou irregularidade administrativa, por não registrar vendas e por fornecer alimentos sem o devido controle financeiro.
A demissão provocou reação imediata na comunidade local. Pais, colegas e moradores organizaram campanhas de apoio, e a história ganhou repercussão nacional, abrindo uma discussão mais ampla sobre como regras rígidas, aplicadas sem contexto, podem falhar diante de necessidades básicas. O caso expôs a tensão entre procedimentos burocráticos e a realidade de famílias em vulnerabilidade, que dependem de programas escolares para a alimentação dos filhos.
Autoridades da rede escolar defenderam que existem normas a serem cumpridas para garantir transparência e segurança, e que, segundo a administração, as políticas sobre merenda servem para manter o funcionamento correto do sistema. Ainda assim, críticos apontam que procedimentos estritos não devem se sobrepor ao cuidado imediato com crianças em risco de desnutrição ou insegurança alimentar.
Mais do que um episódio isolado, a saída de Solsman reacende o debate sobre programas de alimentação escolar, sobre lacunas na assistência social e sobre a necessidade de protocolos que permitam resposta humana sem punir quem age para proteger crianças. Para muitos na cidade, a demissão revelou menos zelo por disciplina, e mais uma falha em enxergar o humano por trás das regras.
Enquanto a comunidade organiza formas de auxílio e apoio à funcionária, o episódio segue como lembrete: políticas públicas precisam combinar controle e sensibilidade, regras encontram eficácia quando não perdem de vista a urgência das vidas que deveriam proteger.


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