domingo, 24 de setembro de 2017

COMBATENTES NEGROS

Exército veta projeto que homenagearia combatentes negros


Resultado de imagem para FOTOS DE ZUAVOS BAIANOS  O Comando do Exército rejeitou proposta de criação de uma unidade militar com trajes históricos que pretendia homenagear soldados negros que lutaram na Guerra do Paraguai (1865-1870). Após análise técnica, a instituição concluiu que uma portaria de 1999 não dava respaldo legal ao acolhimento da proposta.
Noventa anos após a criação da unidade militar Dragões da Independência, ativistas do movimento negro sugeriram criar outra unidade, apoiando projeto do jornalista Sionei Ricardo Leão.

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Em ofício no fim do ano passado ao ministro da Defesa, Raul Jungmann, a Fundação Cultural Palmares, vinculada ao Ministério da Cultura, disse que o projeto "contribuirá de forma significativa para a valorização da memória da trajetória dos negros nas Forças Armadas".
Batizada de "Zuavos Baianos", a proposta prevê uma unidade (batalhão) ou subunidade (companhia) que usaria bombachas vermelhas presas por polainas na perna, jaqueta azul e, na cabeça, um barrete vermelho.
Os "Zuavos Baianos" seriam a quarta unidade com uniforme histórico. Além dos Dragões, criados em 1927 com a configuração atual, há o BGP (Batalhão da Guarda Presidencial), conhecido como Batalhão Duque de Caxias, de 1933, e a 2ª subunidade do 32º GAC (Grupo de Artilharia de Campanha), chamada de Bateria Caiena, criada em 1986.
Resultado de imagem para FOTOS DE ZUAVOS BAIANOSOs zuavos da Guerra do Paraguai foram organizados sob inspiração de uma unidade de mesmo nome que lutou pelo Exército francês na Argélia na primeira metade do século 19.
Quando da eclosão da Guerra do Paraguai, grupos de combatentes foram enviados por barco de Salvador (BA). A primeira companhia partiu da capital baiana em 22 de março de 1865, segundo o estudo de Leão.
Ao chegar ao teatro de operações da guerra, os baianos chamavam a atenção de outros combatentes. "Havia entre os voluntários, um corpo de uniforme estranho [...]. Eram todos negros e chamavam-se zuavos baianos. Os oficiais também eram negros", escreveu em 1865 o general Dionísio Cerqueira.

Conforme o projeto encaminhado à Defesa por Leão, que se baseia em pesquisa do historiador Hendrik Kraay, mais de 680 soldados zuavos participaram da guerra, inclusive em episódios-chave do conflito, como as batalhas do Curuzu e do Tuiuti, em 1866.
Na primeira, segundo Kraay, houve a participação destacada do soldado zuavo Marcolino José Dias, que depois chegou a capitão e cavaleiro da Ordem do Cruzeiro, alta honraria do Império.

'REMOTA'
A proposta de criação da unidade e de uma medalha em homenagem aos zuavos chegou em novembro de 2016. A Defesa enviou a ideia para apreciação do Exército, que acionou o Centro de Estudos e Pesquisas de História Militar.
Em fevereiro, o Comando informou que seu parecer foi desfavorável, porque a portaria sobre o tema estabelece que, para a concessão de uma "denominação histórica e uniforme histórico" a uma organização militar (OM), devem ser observados alguns aspectos, e o caso dos zuavos não se encaixou em nenhum deles.
O Exército apontou que os zuavos, "ao chegarem ao Teatro de Operações (TO), foram distribuídos entre vários batalhões, tanto de linha como de voluntários da pátria".
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Os Voluntários da Pátria e seus uniformes, com um zuavo baiano na segunda posição da direita para a esquerda

 "Haveria a necessidade de uma profunda e minuciosa pesquisa histórica, para que se identificasse uma OM (mesmo inativa ou extinta) que tivesse sua origem naquelas frações, ou fosse a detentora de seu legado histórico. Esta possibilidade, entretanto, é considerada remota, baseando-se nos indícios concretos disponíveis", informou o Exército à Folha.
Sionei Leão afirmou que estava "surpreso" com a resposta do Exército, pois não havia sido comunicado oficialmente sobre o resultado de sua sugestão. Ele disse que estudará que medidas administrativas poderão ser tomadas "para não deixar o projeto morrer".
#folha

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