Afinal, o
que leva o turista a vir à Bahia? Praias paradisíacas com coqueiros existem aos
milhares acima e abaixo do equador. Comidinhas deliciosas também. Música? Nossa
produção é invejável, mas nem por isso se encontrarão interpretações de
qualidade em cada esquina. Por muito gentis e sorridentes, nossos serviços não
brilham pela excelência. Muito na base do improviso. Tá em falta é uma expressão
corriqueira. Já teve, tamos lhe devendo, também.
O que faz o
diferencial é a cultura multifacetada. Mas aqui tocamos o tendão de Aquiles das
políticas oficiais. O patrimônio imaterial é atacado por todos os lados. O
acarajé é de Jesus. As festas antes seduziam pelas suas caraterísticas
específicas. As rodas de samba das festas de largo em nada se assemelhavam ao
axé/frevo dos carnavais e muito menos aos arraiás juninos. O abará é do Edir
Macedo.
Tá tudo
dominado. Dominado pelo liquificador empresarial que só pensa em faturar. O
mais apelativo e mais vulgar domina com toda a força de seus decibéis. Os
governantes brilhando pela omissão, muitos tendo interesses comerciais nessas
baixarias.
O que também
deveria fazer a diferença com outras escolhas de viagem é nosso peculiar
patrimônio material seja de pedra, pau-a-pique, mármore, barro ou madeira de
lei. Convido o leitor a me acompanhar, sem precisar comentar, por simples
listagem de modesta parte do descalabro.
Solar Boa
Vista. Museu do Cacau. Cinema-teatro Jandaia. Encosta Cidade Alta/Cidade Baixa.
Praça Castro Alves. Pelourinho. Vila Nova Esperança. Museu Vanderlei Pinho. Museu de Ciência e Tecnologia. Terminal do Aquidabã. T.C.A. Todo Santo Amaro. Cinema
Excelsior. Convento de São Francisco do Paraguaçu. Abrigo Dom Pedro II. Toda
Cachoeira. Solar Bandeira. Capela de Nossa Senhora da Penha. Toda Maragogipe.
Palácio da Aclamação. Todo São Francisco do Conde. Igreja de Nossa-Senhora do
Vencimento.
Manutenção e
Conservação não dão retorno na hora das eleições. Restaura-se uma igreja
investindo X milhões. Inaugurada com missa cantada, será esquecida após duas horas.
O salitre, as intempéries, os pombos e o capim irão corroer o monumento, sem
que ninguém, jamais, seja do IPHAN ou do IPAC, se lembre de investir vinte
patacos para impedir o desgaste. Cinco anos decorridos, novamente uma polpuda
verba será alocada a uma empresa escolhida por critérios que geralmente nada
têm a ver com competência.
Temos alguns
museus lindos e bem conservados graças à teimosia de seus responsáveis que
inventam verbas para restauração e segurança. Não existe qualquer política de
divulgação. Cadê vídeos, cartazes e outdoors? O belíssimo Museu de Arte Sacra,
por exemplo, passa dias seguidos sem entrar um só visitante.
Que visão
mais míope de seduzir o turista!
Enquanto isso, no Sul e Sudeste cidades inventam atrativos que não existem, investem, cuidam, fazem seu marketing e recebem milhares de turistas. Eu cheguei ontem de Monte Verde-MG, havia lido que é o segundo destino mais romântico da América do Sul. Voltei me perguntando "quem inventou essa história sobre Monte Verde?"
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