"Um presente de grego", diz historiador sobre obras de requalificação do Elevador Lacerda
Obras foram iniciadas em dezembro e anunciadas como um presente pelos 150 anos do equipamento. A previsão é que elas levem cerca de dez meses
Foto: Metropress/Fernanda Vilas Boas
Ícone de Salvador, o Elevador Lacerda está em obras desde o dia 13 de dezembro. A reforma foi anunciada como um presente ao equipamento no dia em que ele completou 150 anos. O historiador Jaime Nascimento, no entanto, considera a iniciativa um “presente de grego”. Em entrevista ao Jornal da Bahia no Ar desta sexta-feira (5), ele criticou as obras e pediu que o Ministério Público da Bahia (MP-BA) avaliasse o caso.
“O Ministério Público tem que entrar, não sei porque toma algumas brigas e outras não toma. Tomou a do jegue na Lavagem do Bonfim, no Pedrão, mas nisso faz de conta que ‘não é comigo, não estou vendo’. Por que essa reforma agora, em pleno verão, alta estação, com a cidade apinhada de visitantes? Resolve se fazer o presente de grego: o presente dos 150 anos é uma reforma, que começa em dezembro, com o elevador funcionando, todo mundo sabe que isso não dá certo, a fila já está chegando na Rua da Misericórdia”, disse o historiador.
Jaime comparou a obra a outras propostas de requalificação que aconteceram com o espaço funcionando, como a Feira de São Joaquim, que depois de 12 anos ainda não foi concluída, e a do Mercado Modelo, que levou cerca de nove meses.
Para o historiador, as propostas presentes no projeto são equivocadas. Ele questiona, por exemplo, a retirada dos granitos instalados durante a última reforma, em 2004. “Vamos retirar porque não faz parte do projeto original e colocar uma tinta acrílica em tons pastéis. Tudo isso foi feito agora na gestão de [Antônio] Imbassahy, vai jogar todo esse dinheiro fora? Tem coisas muito mais interessantes para cuidar naquele elevador do que tons pastéis, do que a sacada”, afirmou.
“O povo da Bahia se acovardou de forma indigna. Nós não somos dignos da nossa história, do ponto de vista da coragem. [...] Em várias áreas, inclusive na administração pública. Quer dizer, a gente tem expertise na administração pública, no que é bom, no que é inventivo. O Elevador Lacerda é prova disso, foi a Câmara, que era o poder municipal na época, que provocou para criar um ascensor, não disse qual, e Antônio [Lacerda] resolveu fazer esse que foi o primeiro elevador urbano do mundo. E aí vem essa proposta sem pé nem cabeça”, criticou.
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