... OU PEDRAS À PORTUGUESA?
PEDRA A PORTUGUESA
O que se coloca nos passeios em Salvador
é a “antiga pedra a portuguesa que se caracteriza pela forma irregular
de aplicação das pedras” enquanto em Portugal se aplica “a calçada portuguesa clássica, que tem uma aplicação
em diagonal, segundo um alinhamento de 45 graus com os muros ou lancis”.
PEDRA PORTUGUESA
Só
pela precisão discriminativa da técnica podemos entender quanto lá se leva este
trabalho a sério.
Em 1986 a Câmara Municipal de Lisboa criou uma Escola de
Calceteiros a fim de “renovar o efetivo de calceteiros municipais e
divulgar a Arte de Calcetamento”. Que
tal nosso dinâmico prefeito, hoje tão envolvido com a criação de novos museus,
criar em Salvador uma escola idêntica? Não seria a melhor forma de confirmar a Primeira
Capital do Brasil como “Cidade-Museu”?
NÃO É MELHOR QUE PLACAS DE CONCRETO?
Amanhã algum órgão municipal ou estadual
apresentará mais um projeto para as calçadas do centro antigo. A lógica mais
elementar seria começar por retirar todo e qualquer poste, ampliar os passeios,
para, finalmente, colocar pedras portuguesas. Ou será que teremos de abdicar,
até aqui, de nossa identidade histórica?
Alertado, fui verificar a agressão que tinha o aval “daquela”
arquiteta do IPHAN, e entrei com processo no Ministério Público Estadual. Juca
Ferreira, então ministro da Cultura (que falta nos faz!) se posicionou contra o
absurdo. Mas o mal já era consumido.
O entorno dos dois fortes e da bela
enseada ficou prejudicado.
Já lá vão uns quinze anos que as administrações municipais
declararam guerra à pedra portuguesa sob o pretexto de que são perigosas para
os pedestres. Tendo vivido 15 anos em Lisboa, discordo em absoluto desta
crítica. Nenhum de meus familiares, amigos ou amigas nunca se machucou nas
calçadas de Portugal.
RUA DA SAUDADE - CASCAIS
Volto às terras lusitanas com certa frequência e sempre
me encanto com a elegância e criatividade do calçamento ao andar pelas ruas de
Lisboa, Évora ou Cascais, sempre com manutenção cuidadosa e permanente. Em
Salvador e arredores não existe nenhum calceteiro que domine realmente esta
arte ou, se existir, nunca é contratado pela prefeitura.
RUA GENERAL GLICÉRIO - RIO DE JANEIRO
Os legados culturais não se limitam a uma
mesma língua. Não se castra uma herança que nos veio de Roma passando pelos
mouros.
A pedra portuguesa une Macau, Porto, Luanda, Rio de Janeiro, Maputo, Sintra, Praia e Salvador não somente pela força de uma mesma tradição histórica, mas também numa mesma preocupação de pertencimento.
A pedra portuguesa une Macau, Porto, Luanda, Rio de Janeiro, Maputo, Sintra, Praia e Salvador não somente pela força de uma mesma tradição histórica, mas também numa mesma preocupação de pertencimento.
Precisamos de um órgão que coordene a manutenção dos nossos legados culturais. A idéia de Salvador ser uma "Cidade Museu" deveria ser encampada pela Prefeitura. Ganhos culturais e ganhos econômicos daí adviriam. Precisamos criar e/ou resgatar altivez nesta cidade tão bonita.
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