Não é para menos. Afinal são 25 anos – um quarto de século, gente! - que os moradores de três imóveis da ex-rua Luiz Viana foram obrigados a sair pelo IPAC para reparos gerais e nunca mais voltaram. Nem por isso as reformas foram executadas. As fachadas receberam estruturas de ferro para não caírem acima dos passantes e não se falou mais no assunto. Hoje, os telhados desapareceram, o mato invadiu os cómodos, pivetes e drogados se escondem nas ruínas. Quem é responsável pela costumeira omissão? Ninguém, como o leitor pode imaginar. Vivemos na cultura do empurra-com-a-barriga. Coincidência ou não, é exatamente neste trecho, mais deserto que o resto da ladeira, onde os turistas são assaltados por moleques que desaparecerão rapidinho pela escadaria da igreja do Passo. Seria fácil identificar, mas as câmeras da PM “estão neste momento desativadas”. Ou seja: nunca funcionam por falta de manutenção.
O Hotel do Convento vai mal, muito mal. Supõe-se que por erros administrativos, mas ninguém duvide: o fato de tantos turistas das pousadas e hotéis da área serem assaltados na dita ladeira contribui fortemente para a sensação geral de insegurança. O resultado se mede na diminuição do turismo em Salvador, quaisquer sejam as afirmações oficiais.Então, porque uma festa? Muito simples. Reclamar para nada serve. Somos governados pelos três macacos: o surdo, o cego e o mudo. “Eu não sabia de nada”, a curiosa declaração de um presidente do Brasil, aplica-se perfeitamente a profunda indiferença dos órgãos ditos competentes. E não é de hoje. Em 1989, a então SPHAN, que mais tarde mudaria de sigla para IPHAN, era criticada pela excessiva burocracia e total incapacidade em aplicar sanções radicais aos excessos cometidos. Resultou na demissão do superintendente Eduardo Simas, inconformado com alterações ilegais na loja de pedras Gerson, monstrengo erguida frente ao Convento do Carmo. O que mudou três décadas passadas? Pouca coisa a não ser que os últimos responsáveis do dito órgão federal, além de não serem profissionalmente habilitados para o cargo, são donos de “La vue” muito curta, movidos por outros interesses que não a salvaguarda do patrimônio histórico e cultural da Bahia.
Vamos chorar o leite derramado? Não! Vamos nos divertir. O humor e a ironia ainda são a melhor arma contra a má fé daqueles que pagamos para não cumprir com suas obrigações.
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