quarta-feira, 5 de setembro de 2018

O RETROCESSO TURCO

Tony Pacheco

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A ERA DOS IDIOTAS NO PODER

5º Lugar – ERDOGAN (Recep Tayyip Erdogan), presidente da Turquia


Erdogan se acha um enviado de Allah e como tal vem agindo na Turquia desde os anos 1990, quando foi prefeito de Istambul, a antiga Constantinopla do Império Romano do Oriente. A partir de 2003, se tornou primeiro-ministro, mas em 2014 assumiu o cargo que sempre pretendeu, o de presidente e depois da tentativa de golpe de Estado que sofreu em 2016 (que os serviços secretos ocidentais desconfiam que foi uma farsa orquestrada pelo próprio Erdogan), simplesmente começou a governar como se a Turquia não fosse um país parlamentarista, o que acabou se tornando realidade, em 2018, ao ganhar, de novo, a eleição presidencial, enfeixando todos os poderes políticos.
Para explicar seu desejo imenso de poder, só mesmo a frase que usou nos primórdios de sua carreira: "A democracia é como um trem: quando se chega ao nosso destino, saímos".
Mas nem sempre Erdogan foi o dirigente autoritário dos dias atuais. Já foi confundido com um político moderno e que queria colocar a Turquia na União Européia, processo ao qual deu início em 2004, com medidas de respeito à imprensa, tolerância com as minorias e respeito aos direitos das mulheres. Contudo, o processo não andava porque subsistiam desconfianças em relação a um dos maiores aliados de Erdogan, Fethullah Gülen, um líder muçulmano hoje refugiado nos EUA, que servia como uma eminência parda do governo, tentando levar a Turquia de volta ao Islamismo repressor de mulheres, cristãos, LGBTs e totalitário em sua essência política. Por causa disso, em 2009, a União Européia suspendeu o processo de adesão turco. Irascível ao extremo, começa a criticar a Europa e enaltecer os valores islâmicos, desistindo de tornar seu país um membro da UE, tal como na fábula da raposa e as uvas...
Acabada a lua de mel com os europeus, um relatório de 2012 da Comissão Europeia acusa Erdogan de ter um governo no qual falta "liberdade de expressão, de pensamento, de consciência e de religião" como um dos impasses às negociações de adesão à UE. Sem mais nenhuma razão para ser simpático, aproxima-se do presidente-ditador da Rússia, Vladimir Putin, e herda as políticas discriminatórias aos LGBTs. Quanto às mulheres, são cada vez mais incitadas a usar o véu islâmico, exemplo dado por sua esposa, que só aparece em público toda coberta de panos.
Mas a grande virada ditatorial de Erdogan se deu mesmo no suposto autogolpe que ele se aplicou em 2016, criando um sofrimento gigantesco para os turcos que acusou de terem tentado derrubá-lo: o governo demitiu nada mais nada menos que 100 mil funcionários públicos e suspendeu outros 30 mil. Dentre os demitidos, 40 mil professores, que estão proibidos de ensinar nas redes pública e privada; 4.000 juízes e promotores que não podem mais trabalhar nem como advogados e centenas de policiais e militares que estão proibidos de trabalhar até como vigilantes em empresas privadas. Além disso, para o tormento ser maior, Erdogan confiscou os passaportes destas 130 mil pessoas acusadas de “golpistas” para que não fujam da Turquia.
Considerado por seus críticos um pretenso sultão otamano, Erdogan faz tudo para confirmar a acusação. Construiu um palácio presidencial em Ancara para si mesmo com 1.000 aposentos a um custo de mais ou menos 1,1 bilhão de reais, o que foi visto pela oposição também como uma forma de corrupção, pois a construção teria sido como a dos estádios brasileiros da Copa do Mundo, superfaturada.
Resumo da ópera: a Turquia vive uma tirania onde as mulheres voltaram ao passado de opressão e quem se aventurar a se opor ao presidente será perseguido implacavelmente. Pobre Turquia!
Por fim, seis das milhares de idiotices da mente insana de Recep Erdogan:
1) “Não vamos permitir que os turcos sejam devorados por Youtube e Facebook.”
2) “Vamos erradicar o Twitter. Não importa o que diga a comunidade internacional.”
3) “Nos falam sobre planejamento familiar. Nenhuma família muçulmana pode ter essa mentalidade.”
4) “Mulher sem filho é uma pessoa pela metade.”
5) “Uma mulher que renuncia à maternidade dizendo “estou trabalhando”, na prática renuncia à sua feminilidade.”
6) “As mesquitas são nossos quartéis, as cúpulas são nossos capacetes, os minaretes nossas baionetas e os fiéis, nossos soldados.”
Quando você lê esta sexta frase, totalmente belicosa, insuflando as massas islâmicas a irem à guerra contra tudo que não seja muçulmano, você lembra logo do Estado Islâmico e aí depois você lê a resposta que Erdogan deu ao “The New York Times”, que acusou a Turquia de ser “uma das principais fontes de recrutamento para o EI", também chamado de ISIS – Estado Islâmico na Síria e Iraque: "A Turquia é contra o terrorismo de todos os tipos, sem discriminação. Nós nunca aceitamos o conceito de "terrorismo islâmico". Ninguém pode atribuir terrorismo ao Islam, que é uma religião de paz ", disse o aprendiz de sultão.
E aí? Você fica com o “The New York Times” ou com a autodefinição de Erdogan? Difícil, né verdade?

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