O “auxílio-mansão” de Bretas, o “Moro do Rio”
Ontem, o ministro Luís Fux, do Supremo Tribunal Federal, disse que os juízes brasileiros caracterizam-se por “gestos de grandeza” e que são eles a “salvação do Brasil”.
Hoje, o The Intercept Brasil, em reportagem de Paula Bianchi e Elisângela Mendonça, mostra a mansão do juiz Marcelo Bretas, que ficou como uma espécie de “Sérgio Moro do Rio” por chefiar a seção fluminense da “Lava Jato”, à venda por R$ 5,8 milhões, no mesmo condomínio de luxo, em Itaipava, o mesmo em que têm casa o ministro Luiz Roberto Barroso e o ex-diretor ladrão da Petrobras Paulo Roberto Costa.
Mansão, mesmo, como descreve a matéria:
Cinco suítes, lareira, três banheiras de hidromassagem, escadaria em mármore, espaço gourmet, churrasqueira, pomar, jardim, garagem para quatro carros, sauna, um campo de futebol próprio e até uma piscina aquecida que avança pela sala. Por R$ 5,8 milhões é possível comprar a humilde casa de campo em que os juízes federais Marcelo e Simone Bretas fogem do atarefado dia a dia que envolve, entre outras coisas, os julgamentos dos casos da Lava Jato no Rio de Janeiro.
Não é o único imóvel do casal Bretas – a mulher, Simone, é juíza federal também -, que possui, entre outros, um apartamento de vista espetacular na Praia do Flamengo. Afinal, com R$ 90 mil de rendimentos mensais, nada mais plausível aos Bretas que acumular patrimônio.
A questão está no fato de que parte seus ganhos vem do auxílio-moradia que aquele Luiz Fux dos “gestos de grandeza” autorizou parar-se aos juízes, mesmo tendo imóveis próprio em seus locais de trabalho. E, no caso dos Bretas, auxílio duplo, porque pago aos dois para uma moradia só.
Sim, porque foram à Justiça – em casa, portanto – para pedir e obter a única e mínima restrição moral que havia no auxílio-moradia: a que não fosse pago em dobro quando dois juízes viviam juntos.
Diante de tamanha falta de parâmetros éticos, não é possível que o Dr. Fux – que decide, afinal, o que podemos ou não fazer e em quem podemos votar, do jeito em que as coisas estão – pretenda que chamemos as suas observações sobre gestos de grandeza e salvação do Brasil de cinismo da pior espécie.
Uma casta se adonou do Brasil em nome da moralidade.
Aquela que deveriam perceber lhes faltar ao se olharem no espelho e nos itens de seus contracheques.
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