É com você que eu quero falar.
A eleição já passou, seu candidato venceu, então vamos falar da questão mais importante para nosso sofrido país: ECONOMIA.
Pois bem, lamento informar, mas na primeira semana, em 3 - APENAS TRÊS - declarações sucessivas, o futuro governo conseguiu formular um quadro de risco à economia brasileira, tão dependente do comércio internacional. Na sua obsessão de alinhamento automático à pauta de Trump, numa tosca e submissa demonstração de que voltamos aos tempos de "tudo que é bom para os EUA, é bom para o Brasil" (Hello, XX Century), criou os seguintes problemas:
1 - Ao se comprometer com Trump no enfrentamento à China, o Brasil coloca em risco seu maior mercado internacional, no qual tem o maior superavit. O governo chinês já reagiu e, através do jornal oficial China Daily, edição em inglês, mostrou na ponta do lápis o prejuízo que será se O BR se juntar a Trump, pois o comércio bilateral com os EUA nunca foi favorável ao Brasil (o último superavit foi de US$ 2 bilhões), enquanto que com a China foi de US$ 32 bilhões;
3 - Ao anunciar de forma descabida e açodada a futura transferência da embaixada brasileira de Tel-A-Viv para Jerusalém, Bolsonaro agradou Trump e Netanyahu mas irritou todo o mundo árabe numa questão sensível e para o qual não tem cacife para buscar o enfrentamento. Explico: o mundo árabe é um dos maiores mercados compradores de proteína animal do Brasil (carne e frango). Hoje, o governo Egípcio cancelou a visita do atual Ministro das Relações Exteriores. A exportação de carne brasileira é uma commoditie extremamente competitiva e concorrentes como Austrália e EUA estão só esperando o Brasil marcar bobeira para fazer como a Tailândia fez com o mercado de carne suína, que tomou a dianteira do Brasil, quando vacilamos em questões sanitárias, e nunca mais voltamos à liderança;
Enfim, caro Bolsominion, teu capitão passou a campanha fugindo do debate econômico, delegou ao seu posto Ipiranga, Paulo Guedes, a função de falar da economia, prometeu que ia acabar a corrupção e assim, magicamente, encher os cofres públicos, e você acreditou que os problemas de emprego, renda, serviços públicos essenciais (saúde e educação), investimentos públicos estruturais (habitação, saneamento, mobilidade, logística, fortalecimento das exportações, das cadeias produtivas), política cambial e monetária, etc. seriam resolvidos assim, sem detalhes e delongas. Lamento ser arauto das notícias ruins mas pelo desandar da carruagem, é bom preparar o bolso para pagar a conta...
Edit1: post de Gina Leite que copiei e colo aqui.
Enquanto isso, no mundo: a África do Sul adverte Bolsonaro que afastamento do Brics prejudicará Brasil, o Egito se nega a receber chanceler do Brasil por declaração de Bolsonaro, Macron alfineta Bolsonaro sobre possível saída do Brasil do Acordo de Paris, China faz alerta a Bolsonaro e diz que 'custo' pode ser grande ao Brasil e Brasil perde atratividade para a Europa. E 2019 nem chegou ainda.
COMENTÁRIO DO BLOGUEIRO
Este texto é praticamente aquilo que a Eliane Cantanhêde publicou hoje no jornal A Tarde. Imperdível.
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