segunda-feira, 15 de julho de 2019

MARC FERREZ, FOTÓGRAFO

Muito mais do que um fotógrafo

Retrospectiva sobre Marc Ferrez traz registros de interlocução com a ciência e amplia conhecimento de sua obra
Considerado um dos principais fotógrafos brasileiros do século XIX, Marc Ferrez (1843-1923) notabilizou-se, sobretudo, por registros da paisagem da cidade onde nasceu, o Rio de Janeiro. Desde que seu acervo foi adquirido pelo Instituto Moreira Salles (IMS), há pouco mais de duas décadas, aspectos pouco conhecidos de sua atuação vêm sendo revelados. Na exposição que está em cartaz na instituição, em São Paulo, amplia-se, por exemplo, a percepção sobre a cartografia do que produziu. Viajante intrépido, sabe-se agora que metade do que fotografou não guarda relação com a capital fluminense. Seus múltiplos interesses, inclusive pelo saber científico, também emergem da mostra que reúne mais de 300 itens, entre documentos e imagens, inclusive de outros fotógrafos, e fica aberta ao público até 25 de agosto.
“Ferrez foi o fotógrafo que mais se deslocou no país no século XIX. Não apenas fisicamente, mas também na fotografia”, conta Sergio Burgi, coordenador da área de fotografia do IMS e curador da retrospectiva, intitulada Marc Ferrez: Território e imagem. “Um dos nossos objetivos foi olhar a produção exatamente daquilo que ele realizou fora do Rio.” Um desafio e tanto, se considerada a dimensão do acervo pesquisado, de cerca de 9 mil imagens, que inclui um conjunto de 4 mil negativos em vidro, de grandes formatos. No total, o acervo de Ferrez, organizado pelo próprio fotógrafo a partir de 1873 e mantido por sua família até a aquisição pelo instituto, em 1998, soma 15 mil itens. “Queríamos tentar pensar sua câmera associada à documentação do território brasileiro”, explica Burgi. “No campo da paisagem social, por exemplo, Ferrez foi o primeiro a registrar os índios Botocudo, no sul da Bahia, e, no período que antecede a Abolição, produziu importante documentação sobre os indivíduos escravizados em fazendas de café, no Vale do Paraíba, expondo a brutalidade que o regime representou.”
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