segunda-feira, 16 de março de 2020

MAIS UM CASO ISOLADO

Ninguém me contou. Eu PRESENCIEI.
Moro na rua mais tranquila, do tranquilo bairro de Portão, em Lauro de Freitas, a rua da delegacia. Delegacia que fica quase em frente ao meu galpão e a 100 metros de minha casa.
Numa casa ao lado do meu galpão acontecia uma festa infantil, aniversário de um garoto de 6 anos. Na calçada do galpão colocaram um pula-pula, que já tinha uma enorme fila de crianças entre 3 e 8 anos.


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Na frente de uma viatura estacionada na porta da delegacia, policiais da PETO
Conversavam e observavam o movimento. De repente passa pela frente da delegacia uma moto com dois rapazes, desarmados, o da garupa com sacolas de supermercado cheias de produtos. Em NENHUM momento houve ordem ou sinal para que parassem. Quando já estavam a mais de 50 metros dos policiais, um deles saca uma pistola e dá dois tiros pra cima, gritando os rapazes da moto. Esses, por sua vez, obviamente assustados voltam na direção dos policiais. Descem da moto e o procedimento padrão é executado: "mão na cabeça desgraça! Isso aí no saco é o que? Droga?"
"Não senhor, são compras. A gente tá vindo do Walmart".
Nesse momento a mãe do aniversariante vai cobrar satisfações dos policiais: "Ei!!!!! Vocês são loucos? Não estão vendo crianças aqui????"
"Acho bom você se afastar, viu moça? Mas ela insiste e o clima começa esquentar. Prevendo como acabaria aquela ação tosca, sai do galpão , segurei-a pelo braço para contê-la.
Na hora dos tiros três crianças invadiram o galpão desesperadas. A maior, de uns 8 anos, me abraçou em prantos gritando: "tio, pega meu irmãozinho! Ele tá no pula-pula!"
Eu preciso, de verdade, que vocês entendam que eu não estou aqui pregando o fim da Polícia. O que eu e todas as pessoas que têm o mesmo pensamento queremos é que mude esse MODELO de polícia, que sempre usa a truculência como método. O que queremos é uma polícia que tenha um procedimento padrão, tanto pra periferia como para as áreas nobres. Uma polícia que não tenha como pressuposto que todo motoqueiro é bandido ou que todo morador de periferia é criminoso. Queremos uma polícia que use a inteligência e a tecnolgia para saber o momento certo de usar a força. Queremos uma polícia que seja eficiente e eficaz, mas sem sacrificar o cidadão de bem, qualquer que seja sua classe social.

Jorge Alberto

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