segunda-feira, 8 de março de 2021

O SPRAY DO MITO

 Aposta de Bolsonaro em spray nasal é ironizada pela imprensa internacional

Especialistas de Harvard foram ouvidos e classificaram o presidente como exemplo de 'liderança fracassada'


Bolsonaro com comitiva brasileira antes de embarcar para Israel e conhecer o spray nasal(foto: Alan Santos/PR)
Enquanto as mortes de Covid-19 aumentam no Brasil, Bolsonaro saúda um spray nasal não testado”, diz a manchete de um dos maiores jornais do mundo, o The New York Times. Na matéria, especialistas discutem o posicionamento adotado pelo presidente brasileiro durante a pandemia do novo coronavírus como exemplo de liderança fracassada.

Bolsonaro acompanhou, na manhã desse sábado (6/3), a saída da comitiva do governo a Israel, que vai conhecer o EXO-CD24, um spray nasal que está em fase inicial de testes como medicamento para a COVID-19. 
 

“Como é para ser usado em quem está hospitalizado, quem está em UTI, eu acho que não tem problema nenhum usar esse spray no nariz do cara. O que é esse spray? Não sei, mas o que acontece: esse produto, há 10 anos, estava sendo investigado, estava sendo estudado para outro tipo de vírus”, explicou o presidente.

o comentar o resultado de testes preliminares do medicamento, Bolsonaro disse que “parece que é um produto milagroso”.  De acordo com ele, o spray, que carece de estudos aprofundados, também não apresenta efeito colateral.

Na imprensa internacional, essa busca por um remédio não testado é “o mais recente erro de uma série chocantante que transformaram o Brasil em uma pandemia de advertência e um terreno fértil para mais variantes contagiosas”

No NYTimes, especialistas declaram: “O Brasil está entrando para a história como um estudo de caso do que uma liderança fracassada pode fazer em uma emergência de saúde”, disse Marcia Caldas de Castro, professora da Universidade de Harvard, que estuda saúde global, “e a forma como medimos o custo está em vidas perdidas”.

Outros comportamentos de Bolsonaro criticados na matéria são referentes a atitudes ‘negacionistas’, como questionar sobre as vacinas. “A campanha de vacinação da COVID-19 no Brasil teve um início lento e caótico, porque o governo demorou para começar a negociar o acesso às vacinas, cuja segurança e eficácia Bolsonaro questionou”, relataram.

E também citaram o embate do presidente com os governantes pelo fechamento das cidades: “Enquanto os médicos lutam para fazer a triagem dos pacientes à medida que as unidades de terapia intensiva ficam lotadas, Bolsonaro renovou sua guerra com governadores e prefeitos por causa do fechamento de empresas, distanciamento social e uso de máscaras”.


Em Israel, Eduardo Bolsonaro e Ernesto Araújo são obrigados a usar máscaras

Delegação liderada pelo chanceler e com a presença do filho 03 do presidente Bolsonaro e deputado federal se viram obrigados a seguir protocolo


Ernesto Araújo, Eduardo Bolsonaro e demais membros da comitiva que foram a Israel conhecer spray nasal(foto: Reprodução/redes Sociais)

A delegação brasileira, que está em visita a Israel para conhecer spray nasal em testes para combater o coronavírus, se viu "obrigada" a cumprir os rígidos protocolos da nação israelense ainda no desembarque.

A cena no aeroporto israelense, no entanto, não se repetiu em solo brasileiro, onde a mesma comitiva, liderada pelo ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, e o deputado federal e filho 03 Eduardo Bolsonaro (PSL/SP), se deixaram fotografar sem máscaras, ao lado do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), que abomina o uso do protetor indicado pela ciência.

 

Israel já vacinou mais de 7 milhões dos 8,6 milhões de habitantes, cerca de 81% da população, segundo dados sobre a vacinação compilados pelo Our World in Data, até o dia 18 de fevereiro.

Ainda em Israel, durante um compromisso diplomático, o ministro Ernesto Araújo levou um 'puxão de orelhas' quando posava para fotos sem máscara. Veja abaixo.


Enquanto isso, no Brasil, o governo Bolsonaro ainda patina na compra de vacinas – obrigando prefeitos e governadores a se associarem para correr atrás da compra de imunizantes.



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