"Jules e Jim" é um dos mais apreciados filmes da nouvelle vague francesa dos anos 60, uma reflexão meio amarga (mas que começa leve e bem humorada) sobre as vicissitudes e dificuldades das relações amorosas, os desencontros e as dúvidas, tudo isso sublinhado pela citação de "As Afinidades Eletivas", de Goethe.
O alemão Jules (Oskar Werner) e o francês Jim (Henri Serre) são dois grandes amigos em perpétua comunhão, dividem tudo, até as namoradas, e cuja amizade nem a 1ª Guerra Mundial, em que lutam em lados opostos, consegue destruir.
Mas Jules se casa com a estranha Catherine (Jeanne Moreau), por quem Jim também se apaixona, o que complica o já confuso e infeliz casamento do amigo.
O diretor François Truffaut (1932-84), bem no espírito da época, compôs tudo de maneira espontânea e despojada, com uma montagem fragmentada e vários toques criativos na narrativa, como legendas que aparecem de repente no meio da imagem ressaltando diálogos. Em compensação há uma narração em off quase onipresente que vai para o outro extremo, tornando explícito o que podia ser implícito ou até aberto.
Mas o principal problema do filme é a leviana personagem de Jeanne Moreau, egoísta e bipolar, até desagradável, que o filme não justifica nem explica e resulta mais incômoda do que trágica, especialmente porque os dois amigos são totalmente submissos aos caprichos dela.
Apesar disso, o filme é um cult absoluto, unanimemente elogiado e ponto alto da carreira de musa de Moreau, na época namorada do diretor. Foi homenageado por Paul Mazurski como Willie e Phil ("Willie and Phil", 1980) e mencionado ou referenciado em dezenas de outros filmes.
Rubens Ewald Filho
Especial para o UOL Cinema
Nenhum comentário:
Postar um comentário