segunda-feira, 16 de dezembro de 2019

CEM REAIS POR MÊS

Etiópia. Empregados fabris da H&M, Guess ou Calvin Klein ganham 23 euros por mês


Estudo recomenda o aumento dos salários, a melhor aposta na formação e a construção de dormitórios para as operárias, de forma a aumentar a produtividade do sector

 indústria têxtil na Etiópia paga os salários mais baixos do mundo. Por mês, os funcionários de fábricas da H&M, Guess, Calvin Klein ou Tommy Hilfiger recebem apenas 26 dólares por mês neste país africano, ou seja, cerca de 23 euros, revela um estudo do Centro Stern para Negócios e Direitos Humanos da Universidade de Nova Iorque divulgado esta semana.
Salários bem abaixo dos praticados noutras nações que também apostam na indústria do vestuário: como o Bangladesh e Myanmar (95 dólares) e a China (326 dólares).
Intitulado “Feito na Etiópia: os desafios na nova fronteira da indústria do vestuário”, o relatório baseia-se na análise ao Parque Industrial Hawassa, inaugurado em junho de 2017 e que se situa a cerca de 225 quilómetros a sul da capital, Addis Abeba.
A unidade fabril – que emprega 25 mil trabalhadores e espera alcançar a médio prazo os 60 mil funcionários –, insere-se na estratégia do Governo etíope de converter o país num dos principais pólos do sector. “Iremos tornar a Etiópia no hub líder desta indústria em África”, afirma Arkebe Oqubay, conselheiro especial do primeiro-ministro para a Economia e mentor do projeto industrial.
Nos últimos cinco anos, o executivo inaugurou cinco parques industriais e prevê abrir mais 30 até 2025, esperando alcançar a médio prazo lucros na ordem dos mil milhões de dólares. A estratégia da Etiópia assenta em incentivos financeiros para as empresas e salários baixos para atrair mais investimento estrangeiro no país, que, segundo os autores deste estudo, não constitui o melhor plano.
“A Etiópia tem uma escolha pela frente no que diz respeito à indústria do vestuário para os consumidores ocidentais: Seguirá a trajetória da China ou do Bangladesh? O Cambodja ou as Honduras?”, questionam os autores citados pela AFP.
A maioria dos trabalhadores da indústria são jovens mulheres oriundas de famílias pobres de zonas rurais que não conseguem aceder a habitações decentes, comida e transporte. Muitas delas vivem abaixo do limiar de pobreza, em condições miseráveis, refere o estudo.
Entre as principais recomendações, os autores sugerem o aumento dos salários, a melhor aposta na formação e a construção de dormitórios para as operárias, de forma a aumentar a produtividade. “O primeiro passo deverá ser o de assegurar que os seus trabalhadores são bem treinados, motivados e pagos de forma a que consigam suprir as suas necesidades básicas”, acrescenta o estudo.
Com 105 milhões de habitantes, a Etiópia está entre os países mais pobres do mundo, onde cerca de 23% da população vive abaixo do limiar de pobreza. O rendimento médio anual não ultrapassa os 783 dólares (699 euros) per capita, e a larga maioria da população que pratica agricultura perde várias colheitas devido aos longos períodos de seca.



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