Impeachment chega
à última fase antes
do julgamento
EUA
Alexandre Martins
As duas acusações contra o
presidente Donald Trump
seguem para a votação final
na próxima semana, antes
do julgamento em Janeiro
As duas acusações no processo de
destituição contra o Presidente norteamericano, Donald Trump, foram
aprovadas ontem na Comissão de
Justiça da Câmara dos Representantes
dos EUA. Era o último passo obrigatório antes da votação final por todos
os 435 congressistas, que deverá ocorrer na próxima semana.
Numa decisão sem surpresas, mas
com muitas propostas de emenda
feitas pelo Partido Republicano e derrotadas pela maioria do Partido
Democrata, os dois artigos de impeachment foram aprovados com os
votos a favor dos 23 congressistas
democratas com assento na Comissão
de Justiça e os votos contra dos 17 congressistas da minoria republicana.
O debate sobre as duas acusações
começou na noite de quarta-feira e
foi retomado na quinta-feira. Na
madrugada de ontem, o líder da
comissão, Jerrold Nadler, adiou a
decisão para a manhã de ontem,
perante os protestos dos republicanos. Depois de uma maratona em que
os republicanos foram adiando o
momento da votação, os democratas
não quiseram dar argumentos aos
adversários para serem acusados de
votarem, quando os norte-nos estavam a dormir.
Em causa está uma acusação de
abuso de poder e outra de obstrução
às investigações do Congresso.
No primeiro caso, Trump é acusado de pressionar o Presidente ucraniano, Volodimir Zelenskii, a anunciar a abertura de uma investigação
contra Joe Biden, um dos mais fortes
candidatos do Partido Democrata às
eleições presidenciais de 2020 nos
EUA. Em troca, Trump aceitaria
receber Zelenskii na Casa Branca e
desbloquearia um pacote de 391
milhões de dólares em ajuda militar
à Ucrânia que já tinha sido aprovado
pelo Congresso.
A segunda acusação refere-se à forma como Trump reagiu à abertura do
processo de destituição, em Setembro, travando a colaboração da Casa
Branca sem dar justificações legais.
Os artigos de destituição vão ser
enviados para votação final por todos
os membros da Câmara dos Representantes, tanto do Partido Democrata como do Partido Republicano.
Num processo em que todos os
passos têm sido marcados por uma
profunda divisão entre os dois partidos, espera-se que a votação final da
próxima semana siga o mesmo
padrão — com uma maioria de 233
congressistas, o Partido Democrata
tem votos suficientes para aprovar os
dois artigos de impeachment.
Se não houver surpresas, a acusação seguirá depois para o Senado,
onde será feito o julgamento.
Também sem surpresas, espera-se
que a maioria do Partido Republicano
na câmara alta do Congresso trave a
destituição com os seus 53 votos contra os 47 do Partido Democrata. Para
que um presidente seja afastado da
Casa Branca é preciso que pelo menos
67 senadores o considerem culpado
da acusação feita na Câmara dos
Representantes.
É a quarta vez que um processo de
destituição de um presidente norteamericano chega tão perto de um
julgamento no Senado. Andrew
Jackson, em 1868, e Bill Clinton, entre
1988 e 1989, foram acusados na Câmara dos Representantes e não foram
condenados no Senado; e Richard
Nixon, em 1974, renunciou ao cargo
antes da votação final na câmara baixa do Congresso, na mesma fase em
que se encontra agora o processo contra o presidente Trump.
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