terça-feira, 17 de dezembro de 2019

O TENENTE MATADOR

Militar mata (de novo) catador de recicláveis que salvou família no Rio.

Parente de Evaldo chora diante de carro metralhado por militares - Foto: Fabio Teixeira/AP

Luciano Macedo, catador de materiais recicláveis, foi morto ao tentar salvar a família do músico Evaldo dos Santos, cujo carro foi alvejado por militares, em Guadalupe, Zona Norte do Rio, em abril. Estavam indo para um chá de bebê e foram confundidos com bandidos. 
Evaldo também morreu. 

Ganha um doce quem adivinhar a cor de pele de ambos. 

E, nesta segunda (16), o tenente Ítalo Nunes, comandante da patrulha, o matou uma segunda vez ao culpá-lo por sua própria execução. Em depoimento à Justiça Militar, trouxe uma nova justificativa, mas sem provas: disse que o catador estava armado e atirou em sua direção. A arma que Luciano teria usado? 

A perícia só encontrou a dos nove militares que respondem por duplo homicídio. Ao todo, aliás, foram 257 tiros disparados por eles, dos quais 83 atingiram o carro. "Nas imagens feitas posteriormente de cima, é possível ver uma das ocupantes do carro olhando para o chão, procurando algo. 

As imagens não mostram arma no chão, mas esta postura é suspeita. Se ela estava olhando para baixo, certamente sabia que encontraria algo. Possivelmente um armamento", disse o tenente em seu depoimento. 

O registro é de Gabriel Sabóia, do UOL

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