Pesquisador relata ameaças virtuais após divulgar análises sobre grupos bolsonaristas no WhatsApp
Professor da Universidade da Virgínia, David Nemer recebeu e-mails com avisos para 'tomar cuidado' e uma foto tirada enquanto andava em parque de São Paulo
Marlen Couto
RIO — Professor do Departamento de Estudos de Mídia da
Universidade da Virgínia, nos Estados Unidos, o brasileiro
David Nemer relata ter sido alvo de ataques e ameaças
virtuais após comentar e divulgar resultados de sua pesquisa
em andamento sobre grupos bolsonaristas no WhatsApp.
Na semana passada, Nemer deixou às pressas São Paulo,
onde estava para uma reunião com outros
pesquisadores, e retornou aos EUA, onde mora, depois que
recebeu e-mails com mensagens em tom de ameça e uma
foto sua tirada quando andava em um parque na capital
paulista.
— Já tinha recebido vários emails de ameaças. Toda vez que publico artigo, que sai uma entrevista minha, me mandam um e-mail de intimidação. Mas dessa vez mandaram uma foto (minha), me seguiram — afirma Nemer, que registrou um boletim de ocorrência:
— Fiz o boletim de ocorrência e fui orientado a pegar o primeiro voo de volta aos EUA.
O GLOBO teve acesso aos e-mails recebidos pelo pesquisador. As mensagens alertam que ele deve "tomar cuidado" e fazem referência à família Bolsonaro e a sua pesquisa. Nemer é doutor em Antropologia da Tecnologia pela Universidade de Indiana, também nos Estados Unidos, e tem publicado artigos sobre política e desinformação no WhatsApp. Ele monitora grupos bolsonaristas desde março de 2018 e vem alertando para o uso de automação e disparos em massa de mensagens políticas na plataforma.
O GLOBO procurou a Polícia Civil de São Paulo para saber se foi aberta investigação sobre o caso, mas ainda não houve resposta.
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