Evandro e a parede de azulejos do Café e Bar Varnhagem, na Tijuca Fabiano Rocha / Agência O Globo
Professor cataloga azulejos raros que encontra nos botecos espalhados pelo Rio
Evandro Von Sydow percorre a cidade em busca de peças decorativas que chamam sua atenção
Por Ana Carolina Torres — Rio de Janeiro
Entrar num botequim, sentar, pedir um tira-gosto da estufa, beber uma cerveja gelada e engatar uma conversa com amigos pode fazer parte da rotina de muitas pessoas. O professor e poeta Evandro Von Sydow, de 54 anos, faz tudo isso, mas sempre com o olhar atento à procura das raridades que tanto adora: azulejos característicos desse tipo de espaço, que vêm sumindo ao longo dos anos.
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Cada vez que encontra peças decorativas que chamam a sua atenção, Sydow as fotografa. Os registros são colocados num catálogo que ele vem montando desde janeiro de 2011, quando, durante uma ida ao Bar Imaculada, no Morro da Conceição, bairro da Saúde, na região central do Rio, o professor percebeu esse gosto peculiar.
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— Minha paixão são os azulejos enxaquetados, que formam uma malha geométrica. O padrão mais raro é o preto e rosa. Mas mesmo os azul e branco, que eram mais icônicos, são raros hoje em dia. Infelizmente, esses elementos que gosto já não tem tanto por aí — disse.
Ao longo dos anos, Sydow reuniu 35 registros de azulejos, que são divididos em quatro grupos: enxaquetados, painéis, rabo-de-pavão e geral. Para localizar botequins que possam ter as peças que tanto gosta, o professor, que mora no Grajaú, teve ampliar seu olhar sobre o Rio:
— Essa minha busca me ajudou a conhecer a cidade. Eu, como muitas pessoas, tinha uma ideia vaga sobre algumas regiões, como a Leopoldina. Bairros como Engenho de Dentro Bonsucesso, Santa Cruz. Eu nunca tinha estado muito nesses locais. A pesquisa sobre os botequins me fez ter uma noção muito melhor da geografia do Rio. E eu adoro conhecer lugares novos.
Olho treinado e ajuda da internet
Às vezes, Sydow escolhe um bairro para fazer uma pesquisa. E o olho está treinado para quando anda pela rua.
— Não dirijo e, por isso, pego muito transporte público, carros de aplicativo. Quando vejo algum lugar que pode ser interessante, faço uma anotação e volto — contou.
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A internet é outra aliada: as palavras-chave usadas por ele são café e bar, junto com o nome de algum bairro:
— Quando o lugar se chama café e bar é grande a chance de ser antigo. Antigamente, chamavam de café e bar porque botequim era considerado um termo pejorativo. Hoje tudo mudou.
Além das fotos dos azulejos, Sydow também coleciona histórias de suas andanças pelos botecos.
— Uma vez estava no Encantado (bairro da Zona Norte) e vi azulejos rabos-de-pavão, mas tinha um banner cobrindo tudo. Falei com a dona e ela foi levantar o banner para mostrar os azulejos. Às vezes, quando o botequim é vendido, o novo dono não faz ideia de que tem uma raridade ali e se desfaz dela por ignorância. É uma pena — lamentou.
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Em suas pesquisa, Sydow costuma percorrer, principalmente, bairros da Zona Norte. Ele listou seus pés-sujos favoritos, todos localizados na região:
Café e Bar Kim, em Ramos
- Café e Bar Ana Silva, em
Vigário Geral
- Café e Bar Varnhagem, na Tijuca
- Bar do Momo, na Tijuca
- Cachambeer, no Cachambi
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