terça-feira, 16 de maio de 2023

BISPO DO ROSÁRIO

 

O artista brasileiro que viveu 50 anos em instituições psiquiátricas e é tema de exposição nos EUA

Arthur Bispo do Rosario acreditava ter recebido de vozes celestiais a missão de “representar todas as coisas existentes na Terra”. Na foto, de 1943, ele veste uma de suas obras

CRÉDITO,JEAN MANZON, CORTESIA DA AS/COA

Legenda da foto,

Arthur Bispo do Rosario acreditava ter recebido de vozes celestiais a missão de 'representar todas as coisas existentes na Terra'. Na foto, de 1943, ele veste uma de suas obras

  • Author,Alessandra Corrêa
  • Role,De Washington para a BBC News Brasil

Era quase véspera de Natal quando o sergipano Arthur Bispo do Rosario, então com 29 anos de idade, recebeu a revelação que iria definir sua vida e obra.


Na noite de 22 de dezembro de 1938, guiado pelo que descreveu como a aparição de sete anjos e vozes celestiais, ele peregrinou durante dois dias pelas ruas do Rio de Janeiro, onde morava, até chegar ao Mosteiro de São Bento, no centro da cidade.


Após anunciar aos monges que era um enviado de Deus para "julgar os vivos e os mortos", Bispo foi encaminhado ao Hospital Nacional de Alienados, antigo manicômio localizado na Praia Vermelha. Diagnosticado com esquizofrenia paranoide, foi transferido dias depois para a Colônia Juliano Moreira, instituição psiquiátrica em Jacarepaguá onde passaria a maior parte das cinco décadas seguintes.

Segundo Bispo, as vozes que o acompanhavam diziam que ele deveria se "trancar em um quarto e começar a reconstruir o mundo" e "representar todas as coisas existentes na Terra". Durante o resto da vida, ele se dedicou incansavelmente a cumprir a missão divina que acreditava ter recebido, de catalogar e organizar "o caos do mundo" em preparo para o Dia do Juízo Final.


Ele transformou as celas em que estava confinado em oficina de trabalho e começou a recriar cenas do cotidiano e a contar a sua versão da história do universo. Utilizava qualquer material que encontrasse, como lençóis, uniformes, pedaços de madeira de caixas de feira, cabos de vassouras, chinelos, tênis Conga, talheres, canecas e todo o tipo de sucata e objetos que ganhava e trocava com outros pacientes.


COMENTÁRIO DO BLOGUEIRO.- Em 27 de junho inauguro na Aliança Francesa de Salvador, uma exposição em homenagem a Nise da Silveira com parte de minha coleção de Arte Bruta. É claro que a Emma Valle deverá ser a estrela do evento.

No dia 29, uma mesa redonda com psiquiatras junguianos e um crítico de arte debaterá sobre arte terapia.

Exposição/evento similar deverá acontecer em fim de julho na Fundação Eva Klabin no Rio de Janeiro com outra parte de meu acervo.

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