sábado, 7 de outubro de 2023

UM GRANDE HOMEM

 O LUIZ TARQUINIO DE ANTONIO LOUREIRO

Pode ser uma imagem de monumento e texto que diz "NASCIDO NA BAHIA 24 DE JULHO Ho DE 1844 FALLECIDO NA BAHIA EM 7DE OUTUBRO DE1903"
Neste 07 de outubro, quando transcorre os 120 anos do falecimento do empresário baiano Luiz Tarquinio (1844-1903), publico o perfil que o jornalista, professor e escritor Antonio Loureiro (1913-1989), nascido em Cachoeira,. incluiu no seu Bahianos ilustres – 1564-1925 (2.ed. revista e ampliada. Salvador: SEC, 1973. p. 157-158). Esse trabalho do escritor recebeu o Prêmio Carlos de Laet, da Academia Brasileira de Letras, em 1950.
Ilustro a postagem com a foto da lápide da sepultura de Tarquinio, que foi enterrado no Campo Santo (Santa Casa de Misericórdia) em 09 de outubro de 1903. Fiquei emocionado, na manhã de quarta-feira (04out2023) por dois motivos: a atenção dos funcionários do cemitério a que recorri para localizar a sepultura e a constatação de que não havia jazigo ou mausoléu monumental, mas tão somente a vaga ocupada lado a lado a muitos outros falecidos.
“Luís Tarquínio 24-7-1844- 7-10-1903
NUMA época em que o operário, em geral, não tinha direito e, à menor falta, podia ser despedido pelo empregador, sem ter a quem recorrer; quando não se falava, ainda, em justiça social e em que a assistência médica ao trabalhador enfermo e à sua família era um mito, Luís Tarquínio, antecipando-se a essas inovações que somente vários anos depois começaram a surgir, deu à Bahia, senão ao Brasil, um exemplo vivo de entendimento dos direitos a que faz jus todo aquele que trabalha e vive só do seu labor cotidiano, sem ter outro meio de subsistência. Introduziu métodos então considerados perigosos à boa ordem do trabalho, antecipando-se, por assim dizer, às doutrinas preconizadas, mais tarde, por Leão XIII, na "Rerum Novarum". Foi, sem dúvida, o instituidor do que hoje se denomina justiça social, com uma compreensão humana admirável de igualitarismo, sem quebra, no entanto, da diferenciação que deve haver entre empregado e patrão. Se outros méritos de organizador e administrador lhe não exornassem a personalidade, bastaria, evidentemente, a intenção superior das suas ideias humanísticas, de referência ao operariado, para assegurar-lhe, como a Mauá, um lugar à parte na ordem dos nomes que se impuseram à admiração nacional.
Nasceu Luís Tarquínio em Salvador, a 24 de julho de 1844. De modesta família, mal concluído o curso primário ingressou, como empregado de balcão, numa casa comercial, servindo, posteriormente, em outros estabelecimentos, inclusive na firma inglesa Bruderer & Companhia, considerada das mais sólidas da praça. Trabalhando muito, Luís Tarquinio estudava sempre, tornando-se "conhecedor da situação do Brasil em seus aspectos econômicos e sociais". Abolicionista sincero, sem demagogia, fundamentou planos para a "Extinção gradual dos escravos", apresentando sugestões no sentido de manter, como decorrência de tal fato, o equilíbrio econômico do país. Organizador por excelência, financista de renome nacional, a obra prima de Luís Tarquinio foi a Fábrica da Boa Viagem, com a sua vila operária. Metódico, deu à fábrica toda a sua capacidade, dedicando o melhor do seu coração ao bem estar do operariado, insurgindo-se, mesmo, contra os que combatiam essa manifestação humaníssima do seu espírito e essa perfeita concepção dos direitos do homem trabalhador. Basta se diga que a vila operária era constituída de 250 casas para trabalhadores e suas famílias. Ali havia creche, ambulatório, capela, escola etc., tudo isso que, depois, se começou a fazer no Brasil. No governo Manuel Vitorino, foi Intendente Municipal, havendo sido, também, Conselheiro. O seu nome está ligado à história econômica baiana no segundo quartel do século XIX. Faleceu Luís Tarquínio a 7 de outubro de 1903.”

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