O LUIZ TARQUINIO DE ANTONIO LOUREIRO
Neste 07 de outubro, quando transcorre os 120 anos do falecimento do empresário baiano Luiz Tarquinio (1844-1903), publico o perfil que o jornalista, professor e escritor Antonio Loureiro (1913-1989), nascido em Cachoeira,. incluiu no seu Bahianos ilustres – 1564-1925 (2.ed. revista e ampliada. Salvador: SEC, 1973. p. 157-158). Esse trabalho do escritor recebeu o Prêmio Carlos de Laet, da Academia Brasileira de Letras, em 1950.
Ilustro a postagem com a foto da lápide da sepultura de Tarquinio, que foi enterrado no Campo Santo (Santa Casa de Misericórdia) em 09 de outubro de 1903. Fiquei emocionado, na manhã de quarta-feira (04out2023) por dois motivos: a atenção dos funcionários do cemitério a que recorri para localizar a sepultura e a constatação de que não havia jazigo ou mausoléu monumental, mas tão somente a vaga ocupada lado a lado a muitos outros falecidos.
“Luís Tarquínio 24-7-1844- 7-10-1903
NUMA época em que o operário, em geral, não tinha direito e, à menor falta, podia ser despedido pelo empregador, sem ter a quem recorrer; quando não se falava, ainda, em justiça social e em que a assistência médica ao trabalhador enfermo e à sua família era um mito, Luís Tarquínio, antecipando-se a essas inovações que somente vários anos depois começaram a surgir, deu à Bahia, senão ao Brasil, um exemplo vivo de entendimento dos direitos a que faz jus todo aquele que trabalha e vive só do seu labor cotidiano, sem ter outro meio de subsistência. Introduziu métodos então considerados perigosos à boa ordem do trabalho, antecipando-se, por assim dizer, às doutrinas preconizadas, mais tarde, por Leão XIII, na "Rerum Novarum". Foi, sem dúvida, o instituidor do que hoje se denomina justiça social, com uma compreensão humana admirável de igualitarismo, sem quebra, no entanto, da diferenciação que deve haver entre empregado e patrão. Se outros méritos de organizador e administrador lhe não exornassem a personalidade, bastaria, evidentemente, a intenção superior das suas ideias humanísticas, de referência ao operariado, para assegurar-lhe, como a Mauá, um lugar à parte na ordem dos nomes que se impuseram à admiração nacional.
Nasceu Luís Tarquínio em Salvador, a 24 de julho de 1844. De modesta família, mal concluído o curso primário ingressou, como empregado de balcão, numa casa comercial, servindo, posteriormente, em outros estabelecimentos, inclusive na firma inglesa Bruderer & Companhia, considerada das mais sólidas da praça. Trabalhando muito, Luís Tarquinio estudava sempre, tornando-se "conhecedor da situação do Brasil em seus aspectos econômicos e sociais". Abolicionista sincero, sem demagogia, fundamentou planos para a "Extinção gradual dos escravos", apresentando sugestões no sentido de manter, como decorrência de tal fato, o equilíbrio econômico do país. Organizador por excelência, financista de renome nacional, a obra prima de Luís Tarquinio foi a Fábrica da Boa Viagem, com a sua vila operária. Metódico, deu à fábrica toda a sua capacidade, dedicando o melhor do seu coração ao bem estar do operariado, insurgindo-se, mesmo, contra os que combatiam essa manifestação humaníssima do seu espírito e essa perfeita concepção dos direitos do homem trabalhador. Basta se diga que a vila operária era constituída de 250 casas para trabalhadores e suas famílias. Ali havia creche, ambulatório, capela, escola etc., tudo isso que, depois, se começou a fazer no Brasil. No governo Manuel Vitorino, foi Intendente Municipal, havendo sido, também, Conselheiro. O seu nome está ligado à história econômica baiana no segundo quartel do século XIX. Faleceu Luís Tarquínio a 7 de outubro de 1903.”
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