sábado, 4 de novembro de 2023

UM GOVERNO MOVIDO A ÓDIO

 

Israel expulsa milhares de trabalhadores palestinos e os envia de volta para Gaza à força, apesar dos bombardeios

Número exato de habitantes do enclave que cruzaram a fronteira nesta sexta-feira é desconhecido, mas estima-se que sejam cerca de 7 mil; há relatos de tortura e maus-tratos

Por Em El País — Jerusalém


Trabalhadores palestinos, que ficaram retidos em Israel desde os ataques de 7 de outubro, atravessam de volta para a Faixa de Gaza na passagem da fronteira comercial de Kerem Shalom com Israel, no sul do enclave Mohammed ABED / AFP

Nesta sexta-feira, Israel enviou de volta a Gaza milhares de trabalhadores da Faixa que estavam no país no dia em que a guerra começou e não puderam voltar para casa. Eles foram detidos em massa ou transferidos à força para a Cisjordânia, em meio a um clima generalizado entre os judeus de que os palestinos vinham há meses usando seus empregos em Israel para reunir informações que levaram ao ataque do Hamas que matou 1.400 pessoas, a maioria civis, em 7 de outubro.

— Estamos na prisão há 25 dias e hoje fomos trazidos para cá. Não sabemos o que está acontecendo em Gaza, não temos ideia da situação — disse Nidal Abed.

— Costumávamos servi-los, trabalhar para eles, nas casas, nos restaurantes, nos mercados, pelos preços mais baixos. E ainda assim fomos humilhados — acrescentou Yamal Ismail à Reuters.

O número exato de habitantes de Gaza que cruzaram a fronteira nesta sexta-feira, principalmente pela passagem comercial de Kerem Shalom, é desconhecido. Na verdade, as autoridades não fornecem números (nem as ONGs têm conhecimento deles) sobre quantos estavam realmente em Israel naquele dia, pois alguns voltaram a Gaza para o fim de semana e outros estavam na Cisjordânia. É certo apenas que, em 7 de outubro, 18.500 habitantes da Faixa foram autorizados a trabalhar no país.

Uma semana após o início da guerra, o vice-governador de Ramallah, Hamdan Barghuti, estimou em 3.200 o número de habitantes de Gaza com permissão de trabalho em Israel em centros esportivos, albergues ou hotéis da Cisjordânia. Pouco tempo depois, o canal de TV israelense 12 estimou o número de pessoas presas em 4.000. O Ministério do Trabalho da Autoridade Palestina fez uma estimativa semelhante. Ou seja, mais de 7.000 no total.

Nenhum comentário:

Postar um comentário