A decisão de
massacrar a área verde da avenida Juracy Magalhães para a implantação, com
toneladas de concreto, do BRT, tem seu lado positivo: A tomada de consciência
da sociedade ao exigir participação efetiva nos projetos que pretendem melhorar
nossa qualidade de vida.
O
enfrentamento opinião pública >< prefeitura foi mais impactante por se
tratar de uma área habitada por significativa parte da classe média alta de
Salvador. Quem tiver a curiosidade de abrir o Google na página “BRT Prefeitura
de Salvador” assistirá a um vídeo caprichado sobre as belezas desta empreitada.
Mas é bom lembrar que outros vídeos – Barra, Rio Vermelho, Itapuã – também
prometiam pedaços de paraíso. Os tristes resultados são, hoje, assunto diário
das redes sociais e conversas de botequim.
Porque
nossos governantes teimam em considerar que a evolução da sociedade passa pelo
desmatamento e condenação dos rios urbanos, enquanto, nos países ditos do
Primeiro Mundo, as políticas urbanas se preocupam cada dia mais na criação de
jardins, parques e reabilitação dos rios? Em Nova-Iorque como em Paris, antigos
viadutos, desativados, foram transformados em longos e aprazíveis passeios
arborizados onde os habitantes podem namorar ou descansar entre dois
expedientes.
Sem
condicionamento ideológico/partidário, não deixarei de lamentar que parecidos
movimentos não tenham surgido na época protestando contra o desmatamento
irracional do jardim botânico da avenida paralela para implantação do atual
metrô. O antropólogo Antônio Risério foi uma das poucas exceções.
Não havia
outra solução senão destruir a belíssima obra de Grimaldo Paternostro,
professor de agronomia de Cruz das Almas, e não, como afirma a lenda, do
paulista paisagista Burle Marx? Para quem se interessa, sugiro ler o excelente
artigo de Francesco Perrotta-Bosch, além, é claro dos escritos de Paulo Ormindo
de Azevedo. E o desmatamento em plena Área de Preservação Ambiental, causado
pela futura Via Metropolitana, em Lauro de Freitas, porque será que ninguém se
ofende? Porque é do governo estadual, bem visto pelos politicamente corretos?
O VLT EM PARIS
A batalha
técnico-política se divide agora entre BRT e VLT. Conheço o VLT, por tê-lo
usado, em Paris, Lima e Bogotá. Rápido, silencioso e confortável, não precisa
de grandes obras de adequação. Mais económico também. Por quais motivos o
prefeito descartou esta solução? Tem quem diga que foi para agradar as empresas
de transporte, abaladas pelo metrô, apoio precioso em tempo de eleições, já que
está ficando difícil achar malas recheadas de milhões de reais.
Afinal, qual
futuro nossos governantes preparam para nossos filhos? Um universo de concreto
alegrado por plantas de plástico e música de elevador?
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