terça-feira, 4 de julho de 2023

6 MIL CRIANÇAS UCRANIANAS

Por Jornal Nacional




Uma das mais importantes universidades do mundo revelou informações sobre o destino de milhares de crianças e adolescentes da Ucrânia na guerra contra a Rússia.



O relatório da Universidade Yale revela que 6 mil ucranianos com idades entre quatro meses e 17 anos são mantidos em 43 instituições e campos de "reeducação" do território ucraniano da Crimeia, anexado pela Rússia, passando por dois campos na Sibéria até a região de Magadan, no extremo leste, a mais de 6 mil quilômetros da Ucrânia.

O pesquisador Nathaniel Raymond, um dos autores do relatório, explica que manter as crianças na Rússia é uma clara violação do direito internacional. Ele destacou que diversas instâncias do governo russo estariam envolvidas no programa.


“O próprio presidente Vladimir Putin elogiou a iniciativa e disse que deveria ser ampliada. Já identificamos quatro governadores regionais e há evidências extremamente claras do envolvimento do alto escalão do Kremlin nesse programa", revela.

Fotos mostram jovens ucranianos com russos e chechenos — Foto: JN

Fotos mostram jovens ucranianos com russos e chechenos — Foto: JN

Fotos obtidas pelos pesquisadores mostram crianças em uma sala de aula e aprendendo a manusear armas. No uniforme, bandeiras da Rússia e da Chechênia. Em uma, crianças posam ao lado de agentes russos e chechenos. A maioria já estava antes em instituições na Ucrânia; muitos têm família.

O relatório mostrou que, por desespero ou por acreditar que os filhos estariam indo para colônia de férias, alguns pais consentiram com a viagem. Apostaram que as crianças e os adolescentes teriam melhores condições de vida na Rússia e acabaram perdendo o contato com eles.


“Muitas famílias vivem na linha de frente do conflito, com uma rotina de ataques e falta de energia”, afirma a pesquisadora Caithin Howarth, que também participou do estudo.

Adolescente em aula de tiro com uniforme com bandeira da Rússia — Foto: JN

Adolescente em aula de tiro com uniforme com bandeira da Rússia — Foto: JN

Entre as violações reveladas pelo relatório, uma claramente afronta a Convenção de Genebra, que protege civis em tempos de guerra. Em caso de captura de menores de idade em um confronto, crianças e adolescentes devem ser enviados a um país neutro, que não esteja envolvido no conflito. Além disso, os Estados Unidos acusam os russos de doutrinar os menores com a ideologia de Vladimir Putin.


O porta-voz do Departamento de Estado, Ned Price, disse que o objetivo de Putin é roubar o futuro dessas crianças:


“O sistema de realocação, reeducação e adoção forçada de crianças ucranianas é um elemento-chave do esforço sistemático da Rússia de negar e suprimir a identidade da Ucrânia, sua história e sua cultura."

 

A pesquisa de Yale teve o apoio do Observatório de Conflitos do Departamento de Estado americano. Price destaca:


“Essas ações do governo russo terão consequências de longo prazo no desenvolvimento dessas crianças".

 

A Embaixada Russa em Washington classificou as acusações como absurdas. Disse que a Rússia acolheu as crianças forçadas a fugir com suas famílias dos bombardeios e atrocidades das Forças Armadas ucranianas; que faz o possível para manter os menores junto com as famílias e que, em caso da falta ou morte dos pais ou parentes, transfere os órfãos para um guardião.


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