sexta-feira, 7 de julho de 2023

COMO É MALTRATADO NOSSO PATRIMÔNIO!

O Solar Bandeira, na ladeira da Soledade.


Afinal, o que leva o turista a vir à Bahia? Praias paradisíacas com coqueiros existem aos milhares acima e abaixo do equador. Comidinhas deliciosas também. Música? Nossa produção é invejável, mas nem por isso se encontrarão interpretações de qualidade em cada esquina. Por muito gentis e sorridentes, nossos serviços não brilham pela excelência. Muito na base do improviso. Tá em falta é uma expressão corriqueira. Já teve, tamos lhe devendo, também.

O que faz o diferencial é a cultura multifacetada. Mas aqui tocamos o tendão de Aquiles das políticas oficiais. O patrimônio imaterial é atacado por todos os lados. O acarajé é de Jesus. As festas antes seduziam pelas suas caraterísticas específicas. As rodas de samba das festas de largo em nada se assemelhavam ao axé/frevo dos carnavais e muito menos aos arraiás juninos. O abará é do Edir Macedo.

Tá tudo dominado. Dominado pelo liquificador empresarial que só pensa em faturar. O mais apelativo e mais vulgar domina com toda a força de seus decibéis. Os governantes brilhando pela omissão, muitos tendo interesses comerciais nessas baixarias.

O que também deveria fazer a diferença com outras escolhas de viagem é nosso peculiar patrimônio material seja de pedra, pau-a-pique, mármore, barro ou madeira de lei. Convido o leitor a me acompanhar, sem precisar comentar, por simples listagem de modesta parte do descalabro.

Cinema-Teatro Jandaia

Solar Boa Vista. Museu do Cacau. Cinema-teatro Jandaia. Encosta Cidade Alta/Cidade Baixa. Praça Castro Alves. Pelourinho. Vila Nova Esperança. Museu Vanderlei Pinho. Museu de Ciência e Tecnologia. Terminal do Aquidabã. T.C.A. Todo Santo Amaro. Cinema Excelsior. Convento de São Francisco do Paraguaçu. Abrigo Dom Pedro II. Toda Cachoeira. Solar Bandeira. Capela de Nossa Senhora da Penha. Toda Maragogipe. Palácio da Aclamação. Todo São Francisco do Conde. Igreja de Nossa-Senhora do Vencimento.

Manutenção e Conservação não dão retorno na hora das eleições. Restaura-se uma igreja investindo X milhões. Inaugurada com missa cantada, será esquecida após duas horas. O salitre, as intempéries, os pombos e o capim irão corroer o monumento, sem que ninguém, jamais, seja do IPHAN ou do IPAC, se lembre de investir vinte patacos para impedir o desgaste. Cinco anos decorridos, novamente uma polpuda verba será alocada a uma empresa escolhida por critérios que geralmente nada têm a ver com competência.

Temos alguns museus lindos e bem conservados graças à teimosia de seus responsáveis que inventam verbas para restauração e segurança. Não existe qualquer política de divulgação. Cadê vídeos, cartazes e outdoors? O belíssimo Museu de Arte Sacra, por exemplo, passa dias seguidos sem entrar um só visitante.

Que visão mais míope de seduzir o turista!

 

Um comentário:

  1. Enquanto isso, no Sul e Sudeste cidades inventam atrativos que não existem, investem, cuidam, fazem seu marketing e recebem milhares de turistas. Eu cheguei ontem de Monte Verde-MG, havia lido que é o segundo destino mais romântico da América do Sul. Voltei me perguntando "quem inventou essa história sobre Monte Verde?"

    ResponderExcluir