O artigo 225 da Constituição Federal de 1988 determina: “Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações”.
Inúmeras matérias foram publicadas
nas redes de comunicação assinadas por quem sabe, colunistas e jornalistas,
sobre a depredação do litoral baiano, assim como de todo o litoral nacional.
Contribuíram para conscientizar os poderes públicos sobre as inúmeras agressões
ambientais. Neste exato momento os governantes do planeta se reúnem para tentar
enfrentar o previsível drama.
Mas a maior parte da opinião
pública ainda não entendeu que estamos à beira de um colapso total de nossas
possibilidades de sobrevivência.
Muito além do justíssimo apego
a paisagens tradicionais, trata-se do mais elementar direito de beber, comer e respirar.
Cada dia mais são questionados os projetos de arquitetos de moral perigosamente
erodida. Quanto mais espigões somos obrigados a aceitar em beira de praias,
mais condomínios de luxo abocanhando as áreas de proteção ambiental nas ilhas,
mangues e embocadura dos rios, quanto mais edis obtusos teimam em asfaltar
dunas e restingas, em elaborar viadutos, túneis e aeroportos roendo a Mata
Atlântica e outras florestas nativas, quanto mais são colonizados milhares de hectares
de terra para monocultura de eucaliptos ou soja sem o menor respeito pela necessidade
vital de um justo equilíbrio ecológico, eliminando faunas e floras e expulsando
a população rural para pornográficas empresas lucrarem sob o confortável manto
do progresso, quanto mais cavam montanhas e constroem barragens, milhões de
seres humanos se aproximam do suicídio coletivo. Ou será uma nova forma de
holocausto?
Então, vamos prestar a
devida e respeitosa atenção ás vozes discordantes que se levantam. É louca uma
Clarice Bagrichevsky - que prefere, ao sair de sua casa em Stella Maris, pisar
na areia macia e andar entre coqueiros até a praia - reclamar ao enfrentar uma
camada de asfalto que, muito antes do meio-dia se transformará em chapa ardente,
infernizando o ambiente e matando insetos, caranguejos, abelhas e pássaros? É
louca uma Regina Serra que manifesta sua oposição ao corte das amendoeiras da
Barra? É louco um Paulo Ormindo de Azevedo ao escrever que Salvador está sendo
“viadutizada”? Uma Kate Alvarez que defende uma certa qualidade de vida em
Itaparica, um Armando Avena que reclama da desfiguração de Salvador?
São loucos mesmo? Se louco é
quem propoe uma visão mais ampla e mais humana, então, por favor, incluam-me
neste manicômio. Afinal, o que seria da sociedade sem os loucos?
Dimitri Ganzelevitch
Salvador, 9 dezembro 2023
A grande loucura é o que os bandidos das empreiteiras e do setor imobiliário estão produzindo na cidade. A grande loucura é não vermos que isso tudo é um processo de degradação que começa e termina em nós mesmos. Enquanto isso alguns que se dizem amantes da natureza, ainda tentam descredenciar pessoas nobres como as aqui citadas. Pessoas loucas que lutam pelos outros. Viva a loucura. Axé
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