Vamos começar pelo negativo. A multinacional McDonald´s está encantada com a receptividade do público francês e fatura um dos mais altos benefícios desta firma na Europa. E em várias “brasseries” tidas como tradicionais, talvez lhe sirvam pratos congelados esquentados na hora no micro-ondas. Moral da história: o francês também é capaz de aceitar o pior quando senta á mesa.
Mas existem os que recusam o duvidoso e conhecem os bons endereços da cidade. Então, acompanhe-me. Vou lhe levar a alguns endereços famosos, outros mais secretos.
Se você for político e quiser encontrar colegas do Senado ou até simples prefeitos do Acre ou do Amapá o endereço certo é o luxuoso restaurante do chefe Jean Imbert no suntuoso hotel Plazza-Athénée, avenue Montaigne, a dois passos de Dior, Chanel etc. Até há pouco tempo, também poderia dar um alô ao Cavendish, dono da empreiteira Delta, mas dizem que, ultimamente, anda sumido. O Paulo Maluf, também era freguês assíduo. Sugiro, para não ter surpresa, pegar o menu. Para 250,00 euros (ou mais), sem contar as bebidas, você terá a certeza de provar uma das melhores cozinhas da capital.
Achou, talvez, a conta um pouco salgada? Então vamos atravessar o rio Sena em direção aos Invalides. Por perto está o Petrossian que tem, como todos sabem, os melhores caviares importados da Rússia e do Irã. Aqui o menu está muito mais em conta: somente 45 euros. Atenção: sem caviar nem vodca!
Voltemos ao lado direito do Sena. Num dos cenários mais românticos de Paris, o Palais-Royal - onde também se hospedam os teatros da Comédie-Française e do Palais Royal, lá na ponta – empurre a porta do Grand Véfour. A decoração é simplesmente deslumbrante. Não mudou desde o século XVIII. Menu muito amigo: 57 euros. Sem bebidas. bien sûr! Com um pouco de sorte, você poderá sentar na “banquette” onde uma etiqueta lhe informa que era o lugar preferido de Napoleão, Maria Callas ou Victor Hugo. E o foie-gras, para os conhecedores, é o melhor de Paris. Faça sua reserva antecipada para o almoço. Assim poderá aproveitar a vista sobre o jardim,
É primavera, o dia está de cartão postal e você não pretende ficar fechado. Então proponho uma excursão até o Bois de Boulogne para descobrir um dos endereços que só os parisienses conhecem: o Jardin de Bagatelle e suas famosas roseiras. Melhor chegar cedo para ter tempo de passear, admirar e fotografar estas maravilhas da natureza. Depois é só sentar no “terrasse” do restaurante. Para 60 euros (sem bebidas) terá direito a um menu de qualidade ouvido o canto dos pássaros.
Mas seu orçamento tem limites
severos e você não pretende ultrapassá-los. Então vamos descendo no orçamento
sem, porém, perder o charme. Vou lhe levar até a Bastille. Podemos pegar o
metro. Aproveite para ver o belo trabalho de azulejaria antes de subir a
superfície onde dará de caras para a moderníssima Opera-Bastille. No número 5 da
pequena Rue de
Por falar em brasserie, sugiro também outra, da mesma época, suntuosa decoração Art Nouveau incluindo um belíssimo vitral no teto, um pouco como a pastelaria Colombo, no Rio de Janeiro. O Bouillon Chartier Montparnasse, frente a ferroviária do mesmo nome, propõe um cardápio a preços bem populares. Único inconveniente: terá que entrar na fila de espera. Quando estudante. costumava freqüentar este estabelecimento – nos dias de bonança - me deliciando com uma mousse de chocolate caseira. Ficava imaginando o público do princípio do século...
Mas, naquela época meus endereços habituais eram mais modestos, sem porem, abdicar do charme. Um deles ainda existe: o Petit Saint Benoit, na rua do mesmo nome, por trás do famoso café Les Deux Magots. Aberto em 1901, trata-se de um autêntico bistrô. Mesas minúsculas, muita gente com pressa, agitado, serviço sem tempo para perder, comida correta, sem grandes requintes e preços de fácil digestão.
Outro Bouillon Chartier, a pouca distancia das Galeries Lafayette, serviu, desde 1896, mais de cinqüenta milhões de refeições. A imensa sala é tombada como patrimônio nacional. Aqui não tem menu. O prato mais servido é a “Andouillette grillée” com batatas fritas e a sobremesa, muito gostosa, é o “baba au rhum” acompanhado de chantilly.
Agora, se realmente você prefere investir em compras em vez de comida – o que eu lamentaria profundamente – compre um sanduíche na padaria na esquina e coma num banco de jardim público. Não fique acanhado, têm muita gente fazendo a mesma coisa. Mas para não perder a classe, compre uma garrafa da deliciosa água mineral de Chateldon. Era a água servida na mesa do rei Luis XIV em Versalhes.
Adoro baba au rhum!
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