sexta-feira, 25 de agosto de 2017
FALTA DE PUDOR
(...) eu vi muita coisa desnecessária na transmissão. Enfiar microfone na cara de vítima e parente de vítima não é ético, não é legal e não é necessário pra passar informação.
Mostrar a imagem de um bebê agonizando no colo do socorrista sem sequer dar um blur é realmente necessário?
Esmiuçar o sofrimento das pessoas não acrescenta dados à matéria.
Tenho o mínimo de ideia do que é fazer televisão, apesar de não ter toda experiência que você tem, e entendo sim que às vezes a conduta do reporter está salvaguardada pela emoção, pelo sentimento pessoal.
Isso entendo e respeito.
Mas tem toda uma conjuntura por trás do profissional que ainda deságua em matérias que exploram em excesso o sofrimento humano.
E quando falo de conjuntura, não tô falando do repórter, do produtor, do Cinegrafista, do assistente, do editor e da equipe de jornalistas e profissionais envolvidos.
Tô falando da questão "empresa", pra quem é interessante ter mais audiência, independente da dor do espectador, dos personagens dessa tragédia. Acho que é necessário problematizar, pra que a gente não se acostume a achar esse tipo de conduta e direcionamento nas matérias é normal.
É comum ainda (infelizmente), mas não deveria ser assim. Não sei se me fiz entender, mas não consigo assistir a essa repetição (sem informações novas) contínua de imagens de dor e sofrimento das pessoas e achar positivo.
Não desce.
Como alguém que já esteve em redação, desejo aos meus colegas muita força pra lidar com o trabalho nesses dias difíceis após essa tragédia. Mas vai ter muita exploração de sofrimento, muita matéria repetida duas ou três vezes no mesmo programa televisivo (tá tendo agora inclusive, enquanto digito).
Tá tendo, Caroll, e se dói em mim que não tenho relação com nenhuma das vítimas, imaginem pra uma mãe, um filho, um amigo de alguém que estava lá... triste demais...
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