Antonio Riserio
Deixei a poeira assentar um pouco e agora digo alguma coisa sobre o desastre da lancha em Mar Grande, que matou alguns itaparicanos e cobriu a ilha de tristeza.
Itaparica é formada por dois municípios: o que acolhe a cidade de Itaparica e Vera Cruz. Este tem o dobro da população daquele. E enquanto a prefeita de Itaparica preferiu ficar muda sobre o assunto, o prefeito de Vera Cruz, Marcus Vinicius, se manifestou com lucidez sobre o que aconteceu.
Para entender a situação e encarar o problema, a ênfase não deve ser dada aos serviços de transporte. É claro que são uma porcaria, tanto o das lanchas quanto o do sistema ferry boat, com embarcações que, por falta do mínimo de cuidado, já deveriam ter sido aposentadas.
Mas a questão central é outra, como sublinhou Marcus Vinicius. Revela-se por inteiro numa pergunta até singela: por que milhares de itaparicanos são obrigados a se deslocar diariamente para Salvador? Por que são obrigados a sair aqui da ilha para ir à capital?
A resposta é simples. Porque não há investimentos aqui. Porque o governo estadual não dá a mínima para a ilha e os ilhéus. Na verdade, nesses últimos dez anos, os governos do PT, aqui na Bahia, serviram à classe dominante (recebendo mimos, inclusive). Como qualquer governo de direita.
Não houve nenhuma ação social de relevo por aqui. Nada em saúde pública. Nada em educação pública. O povo itaparicano é obrigado a cuidar de sua saúde e a estudar em Salvador. Nunca houve políticas públicas para sua emancipação. Nem existem empregos: é em Salvador que os itaparicanos vão trabalhar ou buscar trabalho.
Em vez de se voltar para a dimensão social do problema, os petistas, desde o governo do compositor passivo Jaques Wagner, só falam em fazer uma ponte. O poder em busca de mais superfaturamento e mais propinas? Pode ser, não sei. O que se sabe é que, com relação à vida da população local, a ponte não vai resolver nada. O povo de Itaparica precisa de escola e hospital, não de ponte. Como bem disse o prefeito: os itaparicanos não querem sair – querem ficar na ilha. Para ficar, precisam de serviços públicos. E de emprego. Não da ponte “made in China”.
Ainda volto ao assunto...
Corretíssimo!
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