Polícia desvenda resgate do saleiro de Cellini
24 de
Janeiro de 2006
As autoridades austríacas deram já a conhecer os
pormenores da operação de resgate do célebre saleiro de Benvenuto Cellini
(1500-1571), uma obra-prima da renascença roubada do Kunsthistorisches Museum
de Viena, em 2003. A peça em ouro e ébano, considerada a Mona Lisa das
esculturas, foi recuperada num cenário recheado de peripécias cinematográficas
a que não falta, sequer, uma perseguição nas ruas de Viena. O suspeito, de 50
anos, "coleccionou escultura na sua juventude e continua a sentir um
fascínio por ela" , disse ao diário britânico The Guardian o chefe da
polícia de Viena, Ernst Geiger. Protagonista de um dos roubos mais
espectaculares da Áustria - terá entrado pela janela do museu recorrendo a um
andaime e levado a escultura avaliada em 50 milhões de euros sem despertar a
atenção dos guardas -, o suspeito dirigia uma empresa de alarmes.
Em Novembro, o homem, que garante ter sabido pelos jornais que roubara uma jóia
do Renascimento, concordou em devolver a peça, mas acabou por adiar a entrega
através de uma mensagem escrita, depois de ter sido perseguido pela polícia nas
ruas de Viena. Durante a perseguição, a câmara de uma loja de telemóveis captou
uma imagem muito nítida do suspeito.
Na sexta-feira, depois de semanas de reflexão, as autoridades decidiram
divulgar essa imagem. O homem chegou a telefonar à polícia garantindo que não
tinha qualquer envolvimento no furto, mas acabou por assumir a sua autoria. No
dia seguinte, levou os detectives a um bosque perto de Zwett. Depois de
escavarem na neve durante uma hora, os agentes recuperaram uma caixa metálica -
lá dentro, embrulhado em linho e plástico, estava o saleiro de Cellini. A caixa
estava enterrada numa área rodeada por quatro árvores que o autor do roubo
marcou.
Durante três anos, a escultura esteve quase sempre escondida no apartamento do
suspeito. O homem tentou por duas vezes chantagear a seguradora, exigindo 5 e
10 milhões de euros pela devolução desta peça criada em Paris, entre 1540 e
1543, para o rei Francisco I de França. "O nosso maior receio era que
tivesse sido fundida", admitiu Geiger. As autoridades não disseram ainda
quando é que esta peça, que fazia parte da lista das dez obras de arte mais
procuradas pelo FBI, vai regressar ao museu.
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